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Síria/Conflito

Jornais questionam inação do Ocidente diante de massacre na Síria

Dois assuntos dominam as manchetes dos jornais franceses nesta quinta-feira, 22 de agosto de 2013: o suposto uso de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad na Síria e a polêmica figura do ministro do Interior, Manuel Valls, que promete esquentar os debates durante o encontro anual do Partido Socialista francês neste final de semana.

Libération traz a manchete "Questões sobre um massacre", sobre o suposto uso de armas químicas pelo regime sírio, e se pergunta se o ministro do Interior Manuel Valls é mesmo de esquerda..
Libération traz a manchete "Questões sobre um massacre", sobre o suposto uso de armas químicas pelo regime sírio, e se pergunta se o ministro do Interior Manuel Valls é mesmo de esquerda.. Reprodução Libération
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Libération traz a manchete "Questões sobre um massacre". "Revelada ontem em imagens realizadas pelos rebeldes, uma ofensiva a leste da capital teria asfixiado e matado mais de 1300 sírios", relata o jornal progressista, afirmando que a maioria dos sírios já se conformou com a indiferença da comunidade internacional em relação à violência no país.

Libération se pergunta se esse episódio vai provocar uma virada no conflito ou se será apenas mais um na série de horrores que se sucedem na Síria há mais de dois anos.

O jornal católico La Croix enfatiza em seu editorial que o futuro da guerra na Síria está parcialmente nas mãos dos inspetores da ONU enviados a Damasco, pois são eles que devem dizer se houve ou não uso de armas químicas por parte do regime ou dos rebeldes. "Eles devem ser vigorosamente apoiados por todos aqueles que esperam um fim rápido para o conflito", conclui o diário.

Já o conservador Le Figaro coloca uma outra questão muito repetida desde quarta-feira: porque o exército sírio usaria armas químicas bem no momento em que os inspetores da ONU estão no país e que as tropas de Bashar al-Assad estão reconquistando posições que haviam sido tomadas pelos rebeldes?

O diário comenta que se esse massacre for confirmado, será ainda mais difícil para as potências ocidentais justificarem sua inação diante do conflito sírio.

Manuel Valls

O jornal Libération se pergunta em sua primeira página se o ministro Manuel Valls é mesmo de esquerda. Suas declarações sobre a compatibilidade entre o Islã e a democracia e contra a reforma do código penal proposta pela ministra da Justiça, Christane Taubira, dividem o Partido Socialista.

Em seu editorial, Libération diz que Manuel Valls tem uma concepção de Estado "abertamente autoritária". "Valls repete que ele não tem que escolher entre a ordem e as liberdades. Isso é correto, mas até agora o ministro mostrou mais zelo ao defender a ordem que as liberdades", conclui o jornal.

Mais duro, o diário comunista L'Humanité analisa que Valls é encarregado de manter à esquerda algumas camadas populares que pedem mais segurança e poderiam ceder à tentação de votar no partido de extrema-direita Frente Nacional.

Do outro lado do espectro político, Le Figaro enfatiza que as declarações do ministro sobre a imigração e o Islã provocam divisão na esquerda. Em seu editorial, o diário conservador defende Manuel Valls para melhor atacar o governo de François Hollande, que segundo o jornal passa seu tempo arbitrando conflitos entre colaboradores.

"Valls não é o único a enxergar direito de vez em quando no reino dos cegos", diz o editorial. Le Figaro afirma que o discurso realista do ministro sobre a segurança não agrada os líderes do Partido Socialista, mas é aclamado por muitos militantes.

 

 

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