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Londres/Detenção

EUA sabiam que David Miranda seria interrogado por britânicos

Os Estados Unidos haviam sido informados do projeto de detenção no aeroporto de Londres do brasileiro David Miranda. O companheiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, repórter do jornal The Guardian, que escreveu uma série de reportagens revelando detalhes sobre o escândalo de espionagem do serviço secreto norte-americano, foi detido e interrogado durante nove horas antes de ser liberado. Washington diz que a iniciativa foi das autoridades britânicas.

David Miranda (d) e seu companheiro Glenn Greenwald (e) no aeroporto do Rio de Janeiro, nessa segunda-feira, 19 de agosto.
David Miranda (d) e seu companheiro Glenn Greenwald (e) no aeroporto do Rio de Janeiro, nessa segunda-feira, 19 de agosto. REUTERS/Ricardo Moraes
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O governo norte-americano reconheceu nessa segunda-feira, 19 de agosto, que havia sido informado que as autoridades britânicas estavam vigiando o brasileiro David Miranda. Questionado sobre o caso, o porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest, admitiu que Washington havia sido informado do projeto por Londres. “O governo britânico nos alertou, então nós sabíamos que tratava-se de algo que poderia acontecer”, explicou Earnest durante a entrevista coletiva diária da presidência norte-americana.

No entanto a Casa Branca descarta qualquer envolvimento no caso. “Essa detenção não é algo que tenhamos pedido, e sim algo que foi efetuado pelos responsáveis das forças de ordem britânicas”, se defendeu o porta-voz. “Os Estados Unidos não estão implicados nessa decisão”, martelou Earnest. No entanto, o representante de Washington não disse quando os norte-americano foram avisados da operação, nem se informações colhidas durante o interrogatório de Miranda foram enviadas aos Estados Unidos.

O brasileiro de 28 anos, que já está no Rio de Janeiro desde segunda-feira, ficou detido durante nove horas no aeroporto de Heathrow, durante a escala de um voo de Berlim para o Rio de Janeiro. Ele diz ter sido interrogado por seis homens, com base na lei britânica antiterrorismo, antes de ser liberado. Miranda afirma que teve seu computador, telefone celular e outros pertences confiscados.

ONGs criticam episódio

A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras se disse “profundamente indignada” com a utilização da lei antiterrorismo como argumento para a detenção do brasileiro. “Assimilar jornalismo e terrorismo é uma prática bem conhecida dos Estados repressivos pelo mundo. Ao fazer isso, as autoridades britânicas cruzaram uma linha vermelha”, alertou a ONG. Mesmo tom do lado da Anistia Internacional, que considerou a detenção de Miranda em Londres como “ilegal e imperdoável”.

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