Jornais franceses criticam inércia da comunidade internacional sobre crise egípcia
Como não podia deixar de ser, a violência no Egito estampa as capas dos jornais franceses deste sábado. No caso do Aujourd'hui en France e do Libération, inclusive, com a mesma foto. Com uma bandana na cabeça, um egípcio chora a morte de um parente na Mesquita Al-Fath, no Cairo, enquanto é seguro por um outro homem. O Libé aponta já na capa o risco de guerra civil e critica duramente a comunidade internacional pela inação diante do perigo.
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"Desde o momento em que as forças de ordem egípcias avisaram que removeriam os pró-Mursi assim que terminasse a festa Aid al-Fitr", que marca o fim do Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, "todos os esforços deveriam ter sido concentrados para dissuadi-las de utilizar a violência", escreve o jornal.
Mas Estados Unidos, União Europeia e as petromonarquias do Golfo nada fizeram e o Egito ficou abandonado à própria sorte, "mais dividido do que nunca" entre islamitas e exército. O risco indicado pelo jornal é que o processo democrático descambe, com ecos perigosos em outros países tensos da região como a Tunísia e a Turquia.
Mais moderado, Le Monde lembra a reunião de representantes dos 28 Estados membros da União Europeia que acontecerá na próxima segunda-feira em Bruxelas e destaca o fato de que o bloco não estabeleceu uma linha de ação comum para lidar com a crise egípcia.
Pior. Se vale de generalidades para falar do caso: Angela Merkel preconiza um redesenho completo das relações diplomáticas com o Cairo; David Cameron e François Hollande falam em "revisão" - "suspensão?", indaga o jornal -; e Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, destaca a necessidade de tomar "medidas adequadas" frente à crise.
Mas Le Monde destaca o desconforto dos europeus, já que medidas radicais poderiam afundar ainda mais o Egito e deixar a via aberta para a mediação dos Estados do Golfo, da China ou da Rússia, o que pode ser arriscado.
O diário conservador Le Figaro destaca o risco que correm os cristãos coptas do Egito e afirma que a defesa das minorias deveria ser uma prioridade da comunidade internacional. "Renunciar a este valor fundamental, sob o pretexto absurdo de que não se quer estabelecer a distinção religiosa no Egito ou mesmo na Síria, é uma capitulação diante do islamismo mais extremo", alerta em editorial.
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