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Protestos no Brasil revelam falta de liderança política

A revolta popular nas grandes cidades brasileiras despertou interesse de diversos jornais que circulam nesta terça-feira pela França. A imprensa associa principalmente os protestos aos gastos excessivos do país com a Copa do Mundo de futebol.

Manifestação nas ruas de São Paulo, 18 de junho de 2013
Manifestação nas ruas de São Paulo, 18 de junho de 2013 REUTERS/Alex Almeida
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Uma revolta social se espalha pelo Brasil foi o título escolhido pelo conservador Le Figaro para resumir os protestos que ganharam as ruas de grandes cidades do país. De norte a sul, dos mais pobres aos ricos, mais de 250 mil pessoas protestaram na última segunda-feira.

O jornal descreve as cenas de violência em algumas manifestações como no Rio de Janeiro e explica que as imagens das multidões surpreenderam já que no Brasil esses protestos são pouco frequentes. O Le Figaro diz que o aumento dos preços das passagens em São Paulo foi a faísca que botou fogo no país. Um político do PSOL ouvido pelo jornal diz que a esperança do brasileiro chegou ao fim e a revolta ilustra o fim do "lulismo", movimento que surgiu com o ex-presidente Lula.
Sua política permitiu tirar milhões de brasileiros da miséria para fazer parte de uma classe média que tem dificuldades de viver em um país onde tudo ficou caro demais.

Para o Aujourd'hui en France, os brasileiros protestam sobretudo por causa dos gastos com a Copa do Mundo. A reportagem começa com alguns slogans vistos nas manifestações como "desculpe pelo transtorno, mas estamos mudando o país" e "chega de corrupção".
O jornal questiona porque tal onda de contestação social quando nos últimos 10 anos o país viveu um desenvolvimento espetacular ? E responde na sequência: a classe média é a primeira a ser atingida por uma inflação galopante, acima de 6% ,e o Brasil vive atualmente um período de crescimento econômico em baixa.

Para o jornal Libération, o principal motivo da ira dos brasileiros é o transporte coletivo. As manifestações de segunda-feira foram um alerta geral para toda a classe política, diz o jornal. Os "indignados" brasileiros, escreve o Libé, denunciam o alto custo das passagens de ônibus, de metrô, mas também a corrupção que faz aumentar os gastos com o Mundial que o país vai acolher no ano que vem. A eurofia dos anos "Lula" passou e a má gestão do governo atual fez a inflação voltar em um contexto de crescimento em pane. Em entrevista ao Libération, o sociólogo Rudá Ricci diz que falta neste momento ao país um líder carismático o que Dilma Rousseff está longe de ser. Os brasileiros, afirma o sociólogo, estão com medo de perder o que conquistaram nos últimos anos.

Para o comunista L'Humanité o amplo movimento no país tem como alvo o alto custo de vida. O Brasil, uma força emergente, acorda de maneira brutal e essas lanifestações mostram que a população não consegue seguir o ritmo necessário para o país a ter um papel de destaque no cenário mundial. Segundo o L'Humanité, a diferença entre os investimentos feitos para acolher a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos e os gastos com os setores básicos de saúde e educação se tornou insuportável. O jornal comunista diz ainda que a onda de indignação chegou num momento delicado para Dilma Roussef, já que ela pensa na reeleição.

O diário econômico Les Echos diz que a onda de protestos, que começou com os jovens do Movimento Passe Livre, impulsionado pelas redes sociais, ganhou tal dimensão no país que os políticos não podem mais ignorá-los. O jornal lembra que o país investe mais de 25 bilhões de reais para a Copa do Mundo no ano que vem, e para muitos brasileiros esse dinheiro deveria ser usado para melhorar a saúde e a educação. Les Echos cita declarações do ex-embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, de que o movimento não tem caráter revolucionário, e que é sobretudo um sintoma de uma crise de liderança.

Uma referência clara à presidente Dilma Rousseff. Por enquanto os políticos estão assumindo o golpe mas devem responder com propostas concretas às reivindicações da população para superar o mal estar no país e interromper a onda de manifestações.
 

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