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IMPRENSA

Crime fascista choca a França

A morte do estudante francês militante de extrema-esquerda Clément Méric, aos 18 anos, espancado na quarta-feira por skinheads, em Paris, é destaque em todos os jornais de hoje. O rosto do rapaz está estampado nas capas do Libération e do Aujourd'hui en France. Le Figaro e L'Humanité exibem em primeira página fotos de colegas de faculdade e de militância do rapaz, tristes e inconformados com a tragédia.

Clément Méric, o estudante de 18 anos morto por um grupo de neonazistas na quarta-feira à noite, em Paris.
Clément Méric, o estudante de 18 anos morto por um grupo de neonazistas na quarta-feira à noite, em Paris. AFP PHOTO / JOEL SAGET
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Libération afirma que a morte do estudante acontece num contexto de escalada de violência dos grupos de extrema-direita, que voltaram a ganhar espaço na mídia e na cena política nas manifestações contra o casamento gay. Em quatro páginas de reportagem, o jornal descreve as circunstâncias do crime, entrevista dezenas de pessoas próximas do estudante e traz um perfil de Clément Méric. O universitário era filho de dois professores de Direito, considerado um jovem equilibrado, maduro intelectualmente, segundo seus professores, militante de esquerda desde os 15 anos, estudante brilhante de ciências políticas e determinado a combater os valores nacionalistas da extrema-direita. Ele militava num movimento antifascita de tendência anarco-trotzquista, que surgiu na França na década de 90, depois perdeu influência nacional, mas ainda atrai jovens engajados.

O jornal Aujourd'hui en France afirma em manchete que o ódio político voltou a matar na França. "Este crime suscita emoção, indignação, e cria uma situação embaraçosa para o partido de extrema-direita Frente Nacional, de Marine Le Pen", escreve o jornal. O diário explica que desde que assumiu a presidência do partido, em 2011, Marine Le Pen tenta excluir os skinheads e nacionalistas mais radicais de suas manifestações, principalmente os que ostentam tatuagens nazistas e fazem a saudação de Hitler, mas o jornal vê fragilidades nesse posicionamento de extrema-direita light. Segundo o Aujourd'hui en France, existem atualmente na França uns dez grupos de extrema-direita similares à Juventude Nacionalista Revolucionária, envolvida na morte de Clément.

Um crime fascista, diz a manchete do jornal comunista L'Humanité, acrescentando que a tolerância em relação aos grupos de extrema-direita precisa acabar. O historiador Nicolas Lebourg, entrevistado pelo L'Humanité, fala que esses grupos de extrema-direita contam com uns 3 mil militantes e "é óbvio que Marine Le Pen tem laços com a extrema-direita radical". "Ela tenta se dissociar dos skinheads, péssimos para a imagem do partido, mas perdeu a liderança sobre esses grupos", diz o historiador.

O diário Le Figaro diz em manchete que os ultrarradicais serão julgados pela sociedade, após a morte do estudante. De tendência conservadora, o Le Figaro diz que a direita condena essa agressão bárbara.
 

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