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Libération dedica duas páginas aos crimes da ditadura no Brasil

O Brasil ganha chamada de capa no jornal progressista Libération, que publica nesta quinta-feira reportagem de duas páginas da correspondente em São Paulo sobre os crimes políticos cometidos durante a ditadura no Brasil, agora investigados pela Comissão da Verdade.

Capa dos jornais franceses Le Figaro, Les Echos e Liberation desta quinta-feira, 30 de maio
Capa dos jornais franceses Le Figaro, Les Echos e Liberation desta quinta-feira, 30 de maio
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As feridas sobre os crimes da ditadura estão abertas até hoje. O jornal assistiu uma audiência pública na Assembleia de São Paulo, onde entrevistou ex-prisioneiros políticos que foram torturados pelos militares, como Maria Amélia Teles, hoje com 68 anos, e estudantes que estão produzindo teses sobre o assunto para resgatar esse período atroz da história brasileira e pouco discutido nas escolas, escreve o Libé.

O balanço dos crimes da ditadura no Brasil é menor do que no Chile e na Argentina, mas assim mesmo o Brasil teve, entre 1964 e 1985, 426 mortos e desaparecidos, 50 mil detenções arbitrárias, 20 mil militantes torturados, 2.400 dissidentes julgados e 10 mil exilados políticos, escreve o Libération. Sobre a demora das autoridades brasileiras em investigar esses crimes, Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da Comissão, relativiza dizendo que cada país tem uma velocidade e o Brasil foi pioneiro na indenização das pessoas que perderam o emprego por conta de suas opiniões políticas.

Ainda na capa, o Libération publica a foto do beijo que entrou para a história da França, entre Vincent Autin e Bruno Boileau, o casal de homens que protagonizou ontem o primeiro casamento homossexual no país. O jornal comenta que a cerimônia foi emocionante, arrancou lágrimas dos familiares e amigos dos noivos e até da prefeita de Montpellier, que oficializou a união. Com a voz embargada pela emoção, ela teve dificuldades para ler até o fim o texto do casamento civil. O Libé conta também que no sábado, a prefeita Hélène Mandroux vai celebrar mais um casamento homoafetivo, desta vez entre mulheres.

Ao lado do beijo de Vincent e Bruno, o Libération publica entrevista com o ministro do Interior, Manuel Valls, sobre o fenômeno dos terroristas isolados, muçulmanos radicais, que agiram recentemente em Boston, Londres e Paris.

Ontem, a polícia francesa prendeu Alexandre, um jovem de 22 anos de família de classe média totalmente francesa, convertido há apenas quatro anos ao islamismo. Ele confessou ser o autor da agressão a um militar francês na semana passada na região parisiense. Alexandre configura mais um caso de terrorista isolado, que estava fichado na polícia, mas por delitos relacionados a uma ruptura familiar de adolescente. Recentemente, ele tinha sido notificado à direção da polícia por ter participado de uma oração de rua com dois muçulmanos apontados como fundamentalistas, mas esse incidente não o fez ser tratado como um terrorista em potencial. O ministro do Interior defende a identificação de sinais de radicalização o mais cedo possível, e para isso Manuel Valls defende um reforço da vigilância na internet.

Ainda nas manchetes de hoje, Le Figaro e Les Echos falam sobre as recomendações feitas ontem pela Comissão Europeia ao governo francês, a fim de sanear as contas públicas do país: uma nova reforma das aposentadorias ainda em 2013, redução de impostos e a liberalização de setores da economia e do mercado de trabalho. O presidente François Hollande não gostou nada dessa história e disse que não cabe à Comissão Europeia "ditar regras à França".
 

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