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Imprensa

O cerco se fecha em torno do governo socialista de François Hollande

Os jornais desta quinta-feira, 4 de abril, dão amplo destaque ao escândalo provocado pela confissão do ex-ministro do Planejamento francês Jerôme Cahuzac, que admitiu ter uma conta bancária não declarada ao fisco francês em Cingapura. Segundo Cahuzac revelou à justiça, a conta tem 600 mil euros em depósitos, cerca de 1,56 milhão de reais, que serão repatriados à França.

Primeiro Conselho de Ministros do governo socialista no Eliseu, 17 mai 2012.
Primeiro Conselho de Ministros do governo socialista no Eliseu, 17 mai 2012. AFP PHOTO LIONEL BONAVENTURE
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O caso de lavagem de dinheiro pelo ministro que promoveu a maior alta de impostos nos últimos 30 anos tem o efeito de um terremoto na França. O governo socialista, já fragilizado pela crise econômica e as medidas fiscais impopulares, enfrenta agora a desconfiança da opinião pública e da classe política diante de um presidente que jura "não sabia de nada".

O jornal Libération, de tendência progressista e próximo do Partido Socialista, dedica sete páginas ao caso e questiona em sua manchete se Hollande sabia ou não da fraude fiscal de seu ministro. Para o Libération, Hollande negou as evidências durante quatro meses, desde que surgiram as primeiras suspeitas contra Cahuzac reveladas pelo site MediaPart, em dezembro.

Na época, o site de informações divulgou um áudio em que o ex-ministro conversava com seu contador sobre a transferência da conta corrente de um banco na Suíça para Cingapura. O Libération afirma que vários sinais alertaram Hollande do perigo. "Como num Estado moderno, o presidente não mobilizou serviços eficazes para descobrir se a conta corrente de Cahuzac de fato existia?", questiona o Libération. Segundo o jornal, não há dúvidas de que se trata de um escândalo de Estado.

O diário comunista L'Humanité prefere não acusar Hollande diretamente, mas lança dúvidas sobre o cumplicidade do chefe de Estado. Para o diário comunista, num ambiente político marcado pela desconfiança, não faz sentido o presidente ter confiado na palavra de Cahuzac sem tomar outras precauções para saber se ele falava de fato a verdade quando negou olho no olho do presidente possuir uma conta não declarada no exterior.

Le Monde, que revelou ontem a ligação de um advogado próximo de Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, com o caso Cahuzac, relata detalhes desse relacionamento improvável entre personalidades da extrema-direita e a esquerda francesa.

Para o conservador Le Figaro, François Hollande foi pego "como um nadador impotente diante de um turbilhão". A situação é insustentável, julga o diário Le Parisien. O jornal acha que será inevitável realizar uma reforma ministerial com a provável substitição do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault.

Guardadas as proporções, o escândalo Cahuzac lembra a indignação da imprensa brasileira com a postura do ex-presidente Lula e o mensalão. Todos no governo em Brasília sabiam, menos Lula.
 

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