Emergentes devem lançar banco e fundo de reservas contra crises

Na 4ª Cúpula do Brics, no ano passado, em Nova Délhi, os emergentes se comprometeram a fazer um estudo de viabilidade sobre a criação de um banco de desenvolvimento do Brics. O estudo avançou rápido, já que uma das principais expectativas da cúpula de Durban, nos dias 26 e 27 de março, é o lançamento desse banco. Especula-se que a capitalização inicial seria de US$ 50 bilhões, igualmente divididos entre os cinco países.

Centro de convenções onde vai acontecer a cúpula do Brics em Durban, África do Sul. Flickr/Brics 5

Analistas dizem que ainda existem muitas divergências nas negociações sobre o banco – qual país vai sediar a instituição, como será seu modelo de governança (para evitar que a China tenha um papel dominante), e o próprio foco de ação do banco, exclusivo aos cinco emergentes ou aberto a grandes projetos de infraestrutura em outros países, por exemplo na África.

Por outro lado, há consenso sobre a criação de um think-tank do Brics, que vai possibilitar maior troca de conhecimento e informação entre os cinco países. O Brasil se ofereceu para abrigar o banco de dados. Em vez de copiar ou adaptar modelos ocidentais, a ideia é que experiências bem-sucedidas dos emergentes sejam compartilhadas e desenvolvidas. O Brics também se dotará, em Durban, de um conselho empresarial composto de uma personalidade de cada um dos cinco países-membros.

Outro resultado da cúpula deve ser o lançamento de um mecanismo para o uso dos US$ 4,5 trilhões de reservas em moedas do grupo. O fundo poderia ser acionado em crises cambiais, ataques especulativos ou em caso de pressão sobre as balanças de pagamentos, diminuindo a dependência do Brics ao dólar e ao euro. Os líderes também devem anunciar avanços nas linhas de crédito com moedas locais, para facilitar o comércio intra-Brics.