Regra que fixa déficit a 3% do PIB foi criada sem reflexão teórica, revela Le Parisien

A apresentação do projeto de orçamento do governo francês para 2013 com metas de 30 bilhões de euros de economia  é destaque em toda a imprensa desta sexta-feira. Os jornais detalham as medidas consideradas inéditas para fazer o estado equilibrar suas contas e reduzir o déficit público do país dos atuais 4,5% para 3% do PIB no ano que vem.

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O presidente François Hollande impõe um choque fiscal histórico aos contribuintes mais ricos, escreve em sua manchete o diário econômico Les Echos ao destacar uma das medidas mais polêmicas adotadas pelo governo socialista. A esquerda criou novas faixas de imposto de renda que vão representar quase a metade da arrecadação prevista com os aumentos das taxas para os franceses, destaca o Les Echos.

Libération diz que o estado declarou guerra contra o déficit público com o seu projeto apresentado nesta manhã. Para o jornal, está claro que 20 bilhões de economia virão dos impostos sobre os mais ricos e as empresas, mas os 10 bilhões que o governo pretende contribuir com cortes nos ministérios ainda precisam ser esclarecidos, diz o jornal.

O Libé lembra que somente as pastas da Educação, Justiça e do Interior serão poupadas do aperto no cinto, mas ainda falta traduzir em objetivos concretos os esforços exigidos a outros ministérios.

O Le Parisien entrevistou o economista francês Guy Abeille, criador da regra que limitou o déficit do governo em 3% do PIB. Durante a entrevista feita em um café em Paris, o ex-funcionário do ministério francês do Orçamento confessou que esse limite de 3% do PIB, que acabou sendo adotado por todos os países europeus, foi estabelecido em menos de uma hora, sem nenhuma reflexão teórica.

O índice foi criado em 1981 após o ex-presidente socialista François Mitterand ter pedido uma regra simples para apresentar a todos os ministros que vinham pedir mais dinheiro para suas pastas, conta Guy Abeille. Daí, o questionamento do Le Parisien em sua manchete: e se a regra dos 3% fosse uma fantasia ?