Acessar o conteúdo principal
EUA/Jornalismo

Jornalista americano lança site de reportagens investigativas

Um novo site que será lançado no próximo mês nos Estados Unidos abre espaço para o jornalismo investigativo na Internet. Uma das ideias do Narratively é mostrar que as longas reportagens não morreram, apesar do advento das novas tecnologias, que incitam à rapidez na divulgação das informações. Na França, iniciativas parecidas também fazem sucesso graças a modelos econômicos alternativos. 

Publicidade

Que o jornalismo é uma profissão em mutação, o leitor já sabe. Que o ato de informar, hoje, não é mais uma prerrogativa dos jornalistas, também. Blogs, redes sociais como Twitter e Facebook, e diversas outras ferramentas, são o motor de uma transformação profunda da profissão : de um lado, a banalização, consequência de uma concorrência desenfreada, de outro, infinitas possibilidades para o exercício da profissão. Mas o jornalismo investigativo não morreu. Diversos sites começam a abrir espaço para longas reportagens, como é o caso do francês OWNI, do americano ProPublica, e, mais recentemente, o americano Narratively, que deve ser lançado no próximo mês pelo jornalista independente Noah Rosenberg. O jornalista francês Jean Marc Manach, especialista em novas tecnologias, conversou com a RFI sobre a tendência.

Você acredita que as redes sociais contribuíram para reforçar a ideia de que qualquer um pode se tornar jornalista?

Jean Marc Manach: Não é porque publicamos alguma coisa no Twitter ou no Facebook que nos tornamos jornalistas. Mas, por outro lado, as redes sociais são algo extraordinário, porque possibilitam o crowdsourcing, como dizemos, que propõe a participação dos leitores na realização de uma reportagem, como já faz o The Guardian. Isso ajuda a enxergar os erros e corrigi-los rapidamente. Em geral, as redes sociais são uma ferramenta valiosa para os jornalistas, porque, desta forma, a informação também pode circular.

Você acha que os jornalistas sabem utilizar a Internet ?

JMM: Alguns sabem e outros não. Em todo caso, agora já faz 3 ou 3 anos que muitos jornalistas estão presentes no Twitter, por exemplo. Eles entenderam que se trata de uma ferramenta formidável para apurar as informações e depois divulgá-las, para que mais mais pessoas possam ler nossas matérias. Existe um número cada vez maior de jornalistas que se informam sobre um assunto antes dele vir à tona, e isso graças ao Twitter.

Existem sites especializados em jornalismo investigativo na França, como existe nos Estados Unidos ?

JMM: Nos Estados Unidos temos o Pro Publica, que é bastante conhecido. Na França, temos o OWNI, que faz longas reportagens investigativas, ou anida o Mediapart. Cada vez mais, sites que não são considerados oficialmente como veículos, e não possuem jornalistas assalariados, abrem espaço para reportagens investigativas. Um dos exemplos é o Reflet.info, que realiza longas investigações sobre assuntos variados.

Existe um modelo econômico para esse tipo de jornalismo?

JMM: Não existe apenas um modelo econômico, existem diversos modelos econômicos. ProPublica, nos Estados Unidos, por exemplo, é uma fundação, Reflet, é trabalho voluntário, nós, no OWNI, trabalhamos com a TV, editamos livros, temos parcerias com rádios ou outros jornais. Não existe um modelo fechado.

Existe a necessidade de investir na formação de jornalistas no futuro ?

JMM: Há alguns anos as escolas de jornalismo começaram a se interessar pela Internet. Para mim é insuficiente, não ensinamos para os jovens jornalistas como investigar na rede, para ter acesso a todo tipo de informação e aos bancos de dados. Existem ferramentas que são um verdadeiro sonho para qualquer jornalista investigativo. Sem entender essas ferramentas, os jornalistas vão acabar tendo leitores não-jornalistas que sabem se informar melhor do que eles próprios. Nunca tivemos tantas ferramentas à disposição para investigar, e não saber utilizá-las, é quase um suicídio profissional. O que eu vejo, e isso é uma pena, são jornalistas que não sabem trabalhar, que não apuram bem as informações, ou se contentam em copiar os boletins das agências. Isso é o que afasta o leitor, e é isso que faz que um número cada vez maior de pessoas acreditarem que não podemos confiar nos jornalistas. Não é culpa da Internet, é culpa dos jornalistas.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.