Imprensa francesa destaca início do julgamento do mensalão

O jornal Le Monde desta quarta-feira traz uma matéria sobre o início do julgamento do mensalão, que, segundo o jornal, manchou a imagem do PT e quase custou a reeleição de Lula.

O jornal Le Monde traz matéria sobre o início do julgamento do mensalão, nesta quarta-feira. DR

Os 38 acusados devem responder por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro no Brasil e no exterior e formação de quadrilha, explica o jornal. De acordo com Le Monde, as denúncias de Roberto Jefferson, sobre o pagamento de propinas pelo PT a membros da base aliada em troca do apoio no Congresso gerou uma tempestade na imprensa, feliz com as denúncias contra o partido, considerado durante muito tempo “o cavalo branco da política brasileira”.

Le Monde explica o suposto esquema de corrupção e a estratégia usada pelo então presidente Lula, de negar o caso e depois minimiza-lo, garantindo que todos os partidos fazem o mesmo, obrigados a ter uma dupla compatibilidade para financiar suas campanhas.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

De acordo com Le Monde a imagem do PT ficou abalada, “seus militantes não estavam preparados para admitir que o PT tinha se tornado um partido como os outros, pronto para aceitar todas combinações para subir ao poder e conservá-lo”, afirma.

Apesar disso, segundo o artigo, a esquerda brasileira parece não ter aprendido nenhuma lição com o caso. Além do financiamento das campanhas, a questão colocada é sobre o tipo de alianças feitas pelo Partido dos Trabalhadores. "Para ter maioria no Congresso, e um governo estável, os dois presidentes do PT se coligaram a partidos sem identidade, nem programa”.

A matéria termina lembrando que a decisão da Justiça brasileira deve sair pouco antes das eleições municipais de outubro.