Encontro anual de muçulmanos da França começa em clima de tensão
O 29° Encontro anual dos muçulmanos da França começou nesta sexta-feira, no Parque de Exposições de Bourget, na periferia de Paris, em clima de grande nervosismo. Nas últimas semanas, o governo tem feito diversas advertências contra os pregadores da violência e do ódio e lançado operações policiais contra suspeitos de praticarem um islamismo radical.
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O encontro, que acontece entre 6 e 9 de abril, é o evento mais importante dos muçulmanos no país e atrai cerca de 100 mil visitantes a cada ano. São realizadas conferências, debates, exposições, atividades pedagógicas, concursos e vendas de produtos. A iniciativa é dirigida pela UOIF -União das Organizações Islâmicas da França - que agrupa mais de 200 associações e 450 locais de culto. O movimento foi criado em 1983, por estudantes tunisianos e marroquinos.
Neste ano, a alta vigilância das autoridades francesas estará inserida no contexto. Nesta semana, o presidente Nicolas Sarkozy alertou a União que não vai tolerar apelos à violência, ao ódio e ao antissemitismo. O ministro do Interior francês, Claude Guéant, declarou hoje que o poder público acompanhará o desenrolar do encontro com grande atenção e que a polícia não permitirá que nenhuma mulher porte o niqab (véu integral da cabeça aos pés), proibido no país desde 2011.
A política atual é de "tolerância zero" em relação ao islamismo radical depois dos crimes de Toulouse e Montauban. O Partido de extrema-direita Frente Nacional chegou até a pedir a dissolução da UOIF, próxima da Irmandade Muçulmana e conhecida por uma visão conservadora do Islã. O presidente da União, Ahmed Jaballah, nega qualquer ideologia extremista e afirma seguir a escola reformista.
Proibições e prisões
Alguns dias antes do evento, quatro participantes estrangeiros foram proibidos de entrar no território francês por proferirem discursos antissemitas e discriminatórios. O ministro do Interior, Claude Guéant, declarou abertamente que lamenta a presença do intelectual muçulmano suíço Tariq Ramadan, conhecido por seu radicalismo. Cerca de trinta suspeitos de praticarem um islamismo radical foram presos e seis outros expulsos desde os sete assassinatos de Toulouse e Montauban, pelo jovem Mohammed Merah, que ficou conhecido como "o atirador de Toulouse".
Guéant explicou que foi detectado, em certos meios extremistas, o desejo de se vingar a morte de Mohammmed Merah ou seguir seu exemplo, o que obriga as autoridades a reforçarem a vigilância.
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