Acessar o conteúdo principal
Índia/Nova Délhi/Cúpula

Líderes divergem sobre banco de fomento do BRICS

A 4ª cúpula do BRICS foi aberta nesta quarta-feira, em Nova Délhi, com um jantar oferecido pela presidente da Índia, Pratibha Patil, no palácio presidencial, aos líderes Dilma Rousseff (Brasil), Hu Jintao (China), Dmitri Medvedev (Rússia), Jacob Zuma (África do Sul) e o premiê indiano, Manmohan Singh. O principal assunto em negociação é a criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS. Hoje, Dilma voltou a criticar as políticas expansionistas dos países ricos e o protecionismo.

Os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio dos BRICS, da esquerda para a direita, Fernando Pimentel (Brasil), Elvira Nabiullina (Rússia), Anand Sharma (Índia), Chen Deming (China) e Rob Davies (África do Sul).
Os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio dos BRICS, da esquerda para a direita, Fernando Pimentel (Brasil), Elvira Nabiullina (Rússia), Anand Sharma (Índia), Chen Deming (China) e Rob Davies (África do Sul).
Publicidade

Adriana Moysés, enviada da RFI à Nova Délhi

A agenda de trabalhos do BRICS começou com uma reunião dos ministros do Comércio na manhã desta quarta-feira . Eles insistiram na necessidade de ampliar as trocas comerciais no interior do bloco, considerando que este movimento seria um antídoto à crise na Europa.

O ministro indiano do Comércio, Anand Sharma, explicou que embora as trocas comerciais no grupo já estejam em plena expansão, elas estão bem longe do que se pode esperar de um bloco que reúne 40% da população mundial. "Há um amplo potencial de crescimento inexplorado para o comércio e o investimento entre os países BRICS, o que facilitaria o crescimento no momento em que a economia global vive em plena incerteza", declarou o ministro indiano, referindo-se ao "retrocesso da demanda nos mercados europeus".

Segundo o FMI, os países do BRICS vão responder por 56% do crescimento mundial este ano, contra 9% dos países do G7. Em 2010, o comércio no BRICS chegou a US$ 212 bilhões e estima-se que tenha alcançado US$ 250 bilhões no ano passado, contra apenas US$ 27 bilhões em 2002.

Outro tema em debate entre os ministros, e principal assunto desta cúpula, é a criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, destinado ao financiamento de projetos em países em desenvolvimento e uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial. O ministro do Comércio Fernando Pimentel declarou que o organismo poderá ser um instrumento poderoso para otimizar as oportunidades comerciais e até ajudar a União Europeia a superar a crise financeira.

Durante a reunião, os cinco emergentes assinaram um novo acordo-quadro entre seus bancos de desenvolvimento para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais.

Zuma e Dilma fazem reunião bilateral

A criação do banco do BRICS foi o principal tema discutido em uma reunião bilateral da presidente Dilma Rousseff com o sul-africano Jacob Zuma. Ele está otimista e gostaria de ver a instituição concretizada até a próxima reunião de líderes do grupo, no ano que vem, na África do Sul. Zuma e Dilma concordam que a criação serviria para suprir a limitação de investimento que existe hoje no Banco Mundial e no FMI, relatou o porta-voz da presidente, Thomas Traumann.

A delegação brasileira chegou a Nova Délhi dizendo que ao final da cúpula provavelmente seria anunciado um grupo de trabalho com técnicos de cada país para estudar o projeto.

As negociações parecem avançar, mas os BRICS ainda estão divididos em várias questões. Não há consenso se o novo banco de fomento vai funcionar por um sistema de quotas, como acontece com o Banco Mundial, o que daria certamente uma representatividade importante à China, por seu peso econômico. Os líderes também tentam definir se a presidência do banco será rotativa entre os cinco países do bloco, como propõe a Índia, ou permanente, como chegou a defender a China nos bastidores. Os líderes também têm dificuldades para definir o principal: o aporte de capital de cada país do grupo à nova instituição.

Durante a bilateral, Dilma e Zuma comemoraram a vitória da concessionária sul-africana ACSA que, em parceria com a Invepar, venceu o leilão do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. "Este é um grande exemplo de como podem ser os nossos projetos, como podem ocorrer novas parcerias. Existem oportunidades para as empresas brasileiras na África do Sul, em projetos de infraestrutura como construção de estradas, aeroportos, barragens e usinas hidrelétricas", teria declarado Zuma, segundo o porta-voz brasileiro. O encontro, de 50 minutos, aconteceu no hotel Taj Palace, onde a delegação brasileira está hospedada.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.