Sarkozy é “cínico” e sua campanha “repugnante”, dizem jornais americanos
O jornal The New York Times condena a estratégia do presidente Nicolas Sarkozy de atrair eleitores da extrema-direita e afirma que a campanha do presidente francês para a reeleição se tornou “desesperada e repugnante”. As críticas são publicadas um dia após outro jornal americano, o Wall Street Journal, qualificar em um editorial o chefe de estado francês de "Sarkozy Le Pen", em referência ao líder histórico da extrema-direita francesa.
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“A campanha do presidente Nicolas Sarkozy para sua reeleição se tornou ligeiramente desesperada e mais que ligeiramente repugnante”, escreve o diário nova-iorquino em seu editorial.
Para o jornal, o presidente-candidato Sarkozy tenta diminuir sua diferença para o rival socialista François Hollande “atacando os imigrantes estrangeiros, as importações estrangeiras e até mesmo a alimentação dos muçulmanos franceses”.
“Sarkozy acredita que talvez seja uma boa tática política ceder às exigências do racismo e da xenofobia”, afirma o jornal.
O The New York Times lamenta que o novo "tom violento" da campanha já se traduziu em uma reação positiva de Sarkozy nas pesquisas porque "quem perde é a sociedade francesa".
"A França passa por um momento difícil, mas Sarkozy poderia fazer uma campanha mais digna”, escreve o diário sustentando que o presidente tem a seu favor o sucesso de sua política interna, em referência à reforma do sistema de aposentadoria, e de sua política externa, com a boa sucedida operação na Líbia.
“Seu principal adversário tem idéias vagas e propostas econômicas totalmente irrealistas”, julga o The New York Times sobre as propostas de François Hollande. Apesar disso, o jornal acusa Sarkozy de ter preferido jogar “baixo”.
Em relação à polêmica sobre a carne halal, consumida pelos muçulmanos de acordo com o ritual da religião islâmica, o jornal afirma que depois de criticar o tema evocado primeiramente pela candidata da extrema-direita Marine Le Pen, Sarkozy acabou se apropriando do assunto para atrair votos. “É cruel e destrutivo submeter a religião ao ridículo”, escreveu o The New York Times.
O jornal conclui que de maneira “lamentável", Sarkozy não tem o menor problema de ser superficial e cruel só para conquistar eleitores do partido extremista Frente Nacional.
Cinismo
Na terça-feira, o Wall Street Journal já tinha denunciado a disposição do presidente francês de endurer o tratado de Schengen, que garante a livre circulação de pessoas em 27 países europeus, para proteger a Europa e a França do fluxo de imigrantes clandestinos. A ameaça do presidente de suspender a participação da França no acordo foi qualificada pelo jornal de “retórica anti-imigração perfeitamente cínica”.
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