Para especialista, falta discutir estratégias urbanas para a Copa
Como lidar com o aumento pontual da população de cerca de 10% a 15% que um evento como um jogo da Copa do Mundo pode provocar em um centro urbano? Para o prof. Dr. Orlando Fontes Lima Jr, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, essa é uma das questões mais importantes e por enquanto mais negligenciadas da preparação do Mundial no Brasil.
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"O aumento da circulação em torno dos estádios vai ter um impacto muito sério nas cidades, pois são pontos que geram e atraem multidões”, diz Fontes Lima. "As operações urbanas relacionadas à Copa do Mundo não estão recebendo a devida atenção”, alerta o especialista. Ele cita como exemplo prático a crise de abastecimento de combustível na Grande São Paulo nos últimos dias. Para ele, é preciso estudar a possibilidade de uma crise desse tipo durante eventos que mobilizam grandes multidões.
“O Brasil tem dificuldade de cumprir prazos e falta discutir o impacto que a circulação em torno dos estádios vai trazer para as operações urbanas”
Ele divide a infraestrutura em três tipos: um relacionado à mobilidade (de pessoas, transportes, acessibilidade aos locais), outro em relação aos serviços, ou seja, aos jogos em si, e ainda o aspecto da hospitalidade, que envolve questões hoteleiras e ofertas turísticas. O olhar da FIFA, segundo Fontes Lima, está concentrado na organização das partidas e não tão focado nas áreas de transportes ou hospitalidade.
Em relação ao problema dos aeroportos, o professor da Unicamp lembra que o Brasil tem 26 aeroportos internacionais, a maioria subutilizados. A adoção de aeroportos do Nordeste como bases poderia desafogar o fluxo dos principais aeroportos do país, além de favorecer o setor turístico.
“O Brasil tem 26 aeroportos internacionais e a maioria é subutilizada – uma solução seria usar aeroportos do Nordeste, por exemplo, com ganhos para o turismo”
Comparando as últimas duas Copas – na Alemanha e na África do Sul - com as perspectivas brasileiras, Fontes Lima aponta que as diferenças culturais também têm seu papel na organização dos eventos. Os alemães, por exemplo, planejaram o mundial com bastante antecedência. Já os sul-africanos tinham problemas com a infraestrutura básica, inclusive na telecomunicação. O Brasil, no entanto, peca pela dificuldade em cumprir prazos, o que exaspera a FIFA.
“Na Alemanha, tudo foi planejado antecipadamente. A África do Sul teve muitas carências supridas pela Europa", diz o Prof. Dr. Orlando Fontes Lima Jr, da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp.
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