Presidente do Senegal busca terceiro mandato entre vaias e aplausos

Aos 85 anos, disposto a conquistar um terceiro mandato depois de passar 12 anos no poder, o incansável presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, votou neste domingo entre aplausos de simpatizantes e vaias de opositores que lotaram o colégio eleitoral do Liceu Franco-Árabe, em Dacar.

O presidente Abdoulaye Wade (centro) votou neste domingo sob protestos da oposição, que considera a disputa por um terceiro mandato inconstitucional. REUTERS/Youssef Boudlal

Wade compareceu ao colégio eleitoral na capital senegalesa por volta do meio-dia local (9h de Brasília) acompanhado de sua esposa, Viviane, seus filhos, Karim e Sindiély, e de vários representantes do Partido Democrático Senegalês (PDS), a formação governista. Uma multidão de opositores o aguardava e gritou: "vá embora". Os simpatizantes, em menor número, deram as boas-vindas ao presidente dizendo "o homem forte chegou".

O presidente senegalês enfrenta 13 adversários no primeiro turno das presidenciais. Todos consideram sua candidatura inconstitucional por se tratar de um terceiro mandato consecutivo. Depois de votar, Wade se negou a fazer declarações à imprensa, rejeitando os microfones dos jornalistas. O diretor de campanha do presidente, o ex-primeiro-ministro Souleymane Ndiaye, disse que ele não quis falar para não influir no andamento das eleições.

O cantor e opositor Youssou Ndour, muito popular no país, e que teve sua candidatura impugnada pela comissão eleitoral, também votou em Dacar e preveniu Wade que a população não vai aceitar um golpe eleitoral.

Embora nenhum dado oficial sobre a taxa de participação tenha sido divulgado, observadores internacionais constataram um grande afluxo de senegaleses às urnas. O colégio eleitoral é formado por cerca de 5,3 milhões de eleitores. Os primeiros resultados oficiais são aguardados para terça-feira, mas estimativas devem ser divulgadas já na tarde de segunda-feira.

Nenhum incidente grave foi registrado até o momento durante a votação. Nas últimas semanas, os protestos contra a candidatura de Wade provocaram a morte de 6 a 15 pessoas e deixaram dezenas de feridos no país.