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Imprensa

Jornal Le Monde critica ação da polícia na Cracolândia

O jornal Le Monde desta quarta-feira destaca o fracasso da operação policial lançada pelo governo de São Paulo na Cracolândia para combater o tráfico de drogas e evitar que o local, situado entre as ruas Helvétia e Dino Bueno, se torne ponto de encontro dos usuários que frequentam a região. A ação, iniciada no dia 3, ainda não tem data para acabar.

Policiais militares em ação de "limpeza" do centro de São Paulo, que afeta diretamente usuários de drogas da região conhecida como "Crackolândia".
Policiais militares em ação de "limpeza" do centro de São Paulo, que afeta diretamente usuários de drogas da região conhecida como "Crackolândia". Flickr/Serjao Carvalho
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A reportagem do Le Monde descreve a operação da polícia de São Paulo que resultou na apreensão de 400 gramas de crack e na prisão de mais de 60 pessoas. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Governo do Estado, cerca de 1387 usuários foram atendidos pelos serviços sociais, e cerca de 60 hospitalizados. Os números, segundo o jornal francês, revelam a incapacidade das autoridades locais em implantar programas eficazes de ajuda aos toxicômanos.

A operação gerou polêmica, e ganhou destaque na imprensa internacional pela sua violência, lembra o Le Monde. Para ‘liberar’ a área, a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os usuários, que ocupavam diversos imóveis abandonados na região. Os métodos contestáveis logo sofreram críticas, segundo o jornal. Eduardo Ferreira Valério, promotor de Justiça de Direitos Humanos e Inclusão Social, condenou a ação. Segundo ele, a operação não acaba com o tráfico e pior, generaliza um problema que antes era localizado.

De acordo com o Le Monde, citando fontes anônimas, a operação também poderia estar ligada a uma manobra imobiliária para valorizar a região. Outros especialistas, diz o jornal, lembram que não existe infraestrutura hospitalar suficiente na capital para receber os usuários de crack. Em fevereiro, o governo deverá inaugurar no bairro do Bom Retiro o complexo Prates, um novo centro de acolhimento destinado aos consumidores de drogas e álcool. O jornal questiona porque a ação não ocorreu após a inaguração. Para o Le Monde, a operação, capitaneada pelo Governo do Estado, tem fins políticos. Às vésperas das eleições municipais de 2012, a intenção foi antecipar as medidas do Governo Federal contra o uso do crack, anunciadas em dezembro.
 

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