Jornal Le Monde critica ação da polícia na Cracolândia
O jornal Le Monde desta quarta-feira destaca o fracasso da operação policial lançada pelo governo de São Paulo na Cracolândia para combater o tráfico de drogas e evitar que o local, situado entre as ruas Helvétia e Dino Bueno, se torne ponto de encontro dos usuários que frequentam a região. A ação, iniciada no dia 3, ainda não tem data para acabar.
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A reportagem do Le Monde descreve a operação da polícia de São Paulo que resultou na apreensão de 400 gramas de crack e na prisão de mais de 60 pessoas. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Governo do Estado, cerca de 1387 usuários foram atendidos pelos serviços sociais, e cerca de 60 hospitalizados. Os números, segundo o jornal francês, revelam a incapacidade das autoridades locais em implantar programas eficazes de ajuda aos toxicômanos.
A operação gerou polêmica, e ganhou destaque na imprensa internacional pela sua violência, lembra o Le Monde. Para ‘liberar’ a área, a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os usuários, que ocupavam diversos imóveis abandonados na região. Os métodos contestáveis logo sofreram críticas, segundo o jornal. Eduardo Ferreira Valério, promotor de Justiça de Direitos Humanos e Inclusão Social, condenou a ação. Segundo ele, a operação não acaba com o tráfico e pior, generaliza um problema que antes era localizado.
De acordo com o Le Monde, citando fontes anônimas, a operação também poderia estar ligada a uma manobra imobiliária para valorizar a região. Outros especialistas, diz o jornal, lembram que não existe infraestrutura hospitalar suficiente na capital para receber os usuários de crack. Em fevereiro, o governo deverá inaugurar no bairro do Bom Retiro o complexo Prates, um novo centro de acolhimento destinado aos consumidores de drogas e álcool. O jornal questiona porque a ação não ocorreu após a inaguração. Para o Le Monde, a operação, capitaneada pelo Governo do Estado, tem fins políticos. Às vésperas das eleições municipais de 2012, a intenção foi antecipar as medidas do Governo Federal contra o uso do crack, anunciadas em dezembro.
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