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França/Emergentes

Emergentes são obstáculo para a diplomacia francesa, diz Le Monde

O vespertino explica que a posição do IBAS (grupo formado pelo Brasil, da África do Sul e Índia) em temas geopolíticos recentes, como as crises na Líbia e na Síria, evidenciaram divergências entre os países emergentes e a diplomacia francesa. Segundo Le Monde, esses episódios podem tornar difíceis as negociações durante a reunião de cúpula do G20.

Dilma Rousseff (e), o presidente sul-africano, Jacob Zuma (c), e o premiê indiano, Manmohan Singh (d) durante um encontro em Pretória, em outubro.
Dilma Rousseff (e), o presidente sul-africano, Jacob Zuma (c), e o premiê indiano, Manmohan Singh (d) durante um encontro em Pretória, em outubro. Le Monde
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“A reunião de cúpula do G20 será um teste para a diplomacia de Nicolas Sarkozy”, anuncia Le Monde em uma grande reportagem em sua edição que chegou às bancas na tarde desta quarta-feira. No entanto, segundo o jornal, as dificuldades não serão apenas ligadas à crise do euro, mas também às críticas que a França tem sofrido da parte dos países emergentes nos últimos meses, que devem repercutir nas discussões realizadas em Cannes a partir desta quinta-feira.

Le Monde explica que “o Brasil, a África do Sul e a Índia, as grandes democracias do Sul, presentes no Conselho de Segurança da ONU, se tornaram parceiros de negociação particularmente difíceis”, como se pode constatar em assuntos delicados, como as crises na Líbia, na Costa do Marfim e na Síria. A discussão dos três temas foi alvo de divergências, já que os ocidentais, liderados pela França, optaram pela intervenção militar, enquanto os emergentes defendiam a soberania dos países para gerir suas próprias crises. Os países do IBAS temiam que a proteção dos civis fosse usada como justificativa para adotar posturas colonialistas, pondera o jornal. A gota d’água teria sido a resolução 1973 das Nações Unidas, que autorizou e envio de soldados em território líbio.

Todos os países do IBAS aspiram a uma cadeira de membro permanente no Conselho da ONU, mas a abstenção em massa do grupo durante o voto da resolução sobre a intervenção na Líbia deixou suas marcas, analisa o vespertino. Le Monde explica como o episódio esfriou os ânimos de Nicolas Sarkozy, defensor da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Até então, o presidente francês alegava que a nova configuração da instituição deveria levar em conta “as realidades políticas do século 21”. Uma posição cada vez menos defendida por Paris, explica o jornal.

Brasil

Quanto ao Brasil, o jornal francês explica que desde a chegada da presidente Dilma Rousseff no poder, várias mudanças foram sentidas na diplomacia do país, principalmente com o endurecimento da posição de Brasília sobre os direitos humanos no Irã. Mas no caso da crise na Líbia, brasileiros e franceses discordaram durante todas as discussões, já o Brasil temia que as sanções contra Trípoli fossem vistas como "ingerência" ocidental. Uma divergência que, aliás, não deve facilitar as negociações para o projeto de compra dos aviões franceses Rafale pela força aérea brasileira, ressalta Le Monde.

O vespertino conclui dizendo que os emergentes se sentiram meio “sacudidos” durante as discussões recentes na ONU, diante da pressão exercida pela França, Estados Unidos e Reino Unido, que tentaram impor sua supremacia. Pois “mesmo se os países do IBAS também são democracias, a visão do grupo sobre a defesa dos valores no âmbito internacional não é a mesma do presidente francês que os receberá em Cannes”, afirma Le Monde. Agora, durante o G20, a diplomacia francesa vai ter que “adular” os emergentes para tentar “virar a página” dessas pequenas tensões se quiser contar com o apoio do grupo.
 

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