Vitória de partido islâmico nas eleições naTunísia preocupa países ocidentais
A vitória do partido religioso Ennahda nas eleições de domingo na Tunísia ganhou as manchetes de toda a imprensa francesa desta terça-feira. Em reportagens e editoriais, os jornais tentam explicar o sucesso dos islamistas nas urnas e o avanço do chamado "islã político" nos países árabes que passam por mudanças de regime, após várias décadas de ditaduras.
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O Le Figaro anuncia que após 20 anos na clandestinidade, o partido Ennahda renasceu com força e deverá conquistar 40 das 217 cadeiras da Assembleia Constituinte que irá escrever as bases da nova Constituição do país. Se a vitória não chega a ser uma surpresa, a maioria conquistada surpreendeu as previsões constata o jornal. A vitória é reforçada pelo sucesso também de partidos moderados dispostos a governar em aliança com o Ennahda, afirma o Le Figaro lembrando que a Tunísia é o primeiro país da chamada "Primavera Árabe" a adotar um regime democrático.
O Libération escreve que os primeiros resultados indicam que o partido deverá obter até um terço dos votos e apesar de se inspirar no modelo turco, não convence os laicos do país. O Libé afirma em editorial que só o futuro dirá se o Ennahda é um partido islâmico, islâmico radical ou moderado de tendência conservadora. Mas o que é certo, constata o jornal, é que o fim das ditaduras no mundo árabe ameaça instalar no poder o islã político. Não apenas na Tunísia mas também no Egito e na Líbia.
O comunista L' Humanité observa que o avanço do partido islamista preocupa os defensores da democracia, mesmo com as garantias feitas pelos políticos do Ennahda de que a liberdade de expressão e o direito das mulheres serão respeitados. Com uma foto de uma jovem coberta com o véu islâmico projetando sua imagem sobre uma lista de candidatos, o Aujourd'hui en France diz em título que a sombra do islamismo está bem presente no resultado das eleições. Após a esperança suscitada pela revoltas populares, a preocupação agora é com a influência crescente da religião islâmica no poder político, observa o jornal.
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