Les Echos alerta para o desmatamento da Floresta Amazônica

Apesar das promessas do Brasil na Conferência do Clima de Copenhague em 2009 de conter os abusos contra o meio ambiente, o desmatamento da Floresta Amazônica aumentou 15% entre agosto de 2010 e julho deste ano. A partir do dado do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, o jornal francês de economia Les Echos destrincha a problemática do "pulmão verde do planeta".

Vista aérea de manifestantes durante o Fórum social mundial em Belém para luta contra o desmatamento.7/10/2009 Reuters

Em uma reportagem de página inteira publicada nesta quinta-feira, o correspondente do Les Echos em São Paulo, Thierry Ogier, alerta para os perigos do projeto do Código Florestal, que está em discussão no Parlamento brasileiro e deve ser votado no Senado.
O ex-ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero afirma que a situação é crítica e que nunca tinha visto um lobby tão forte dos grandes produtores rurais para aprovar o projeto de lei sobre a utilização das terras.

Ele reconhece alguns avanços, como a moratória sobre o comércio da soja, assinada por grandes exportadores há cinco anos. Ricupero afirma, porém, que a aprovação do novo Código Florestal pode jogar tudo o que foi conquistado por água abaixo, o que seria um duro golpe para o país às vésperas de receber a Conferência da ONU Rio + 20, no ano que vem.

Um quarto da superfície original da Floresta Amazônica já desapareceu, destaca o Les Echos, levando a um aumento das emissões de gases que provocam o efeito estufa e a desequilíbrios climáticos. Este mês, Manaus registrou a menor taxa de umidade dos últimos cem anos, 18%. Sem falar em outros problemas citados pelo jornal, como incêndios, tráfico de madeira e de carvão, garimpo ilegal de ouro, criações de gado clandestinas, obras de infraestrutura desproporcionais, violência...

O correspondente entrevistou responsáveis do Ibama e verificou que, apesar dos esforços, o órgão de fiscalização conta com um orçamento reduzido e trabalha no limite da sua capacidade. A reportagem termina contando o exemplo do "Bolsa Floresta", projeto das Nações Unidas de compensação financeira para evitar o desmatamento que está sendo testado com 500 famílias da reserva indígena de Juma. Mas nada disso será o bastante se não houver uma contrapartida financeira e política dos Estados poluidores, conclui Les Echos.