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Decisão do STF sobre Battisti é humilhação para Itália

A revolta e indignação da classe política italiana diante da decisão do Supremo Tribunal Federal de não extraditar Cesare Battisti e libertá-lo da prisão ganharam destaque na imprensa da França, país onde o ex-ativista de extrema-esquerda viveu durante 14 anos.

Jornal francês Libération desta sexta-feira, 10 de junho.
Jornal francês Libération desta sexta-feira, 10 de junho. RFI
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O correspondente do jornal Libération em Roma comenta que todos os líderes do país se uniram para assimilar o "golpe" e mesmo a "humilhação" imposta pelo STF. As reações imediatas foram anunciar um recurso contra a decisão no Tribunal Internacional de Haia ou até lançar uma campanha de boicote aos produtos brasileiros.

O "profundo desgosto" do premiê Silvio Berlusconi, a "decisão errada e injusta", expressa pelo ex-chefe de governo Massimo D'Alema e a "decepção" do presidente Giorgio Napolitano foram algumas reações mencionadas pelo jornal para ilustrar o sentimento dos políticos italianos. Mas a libertação de Cesare Battisti não chegou a ser uma surpresa na Itália, afirma Libération, por causa da decisão anterior do ex-presidente Lula de não extraditar o ex-ativista de extrema esquerda no último dia de seu mandato.

O jornal acredita que um recurso no Tribunal de Haia não deve reverter a libertação de Battisti. Apesar das pressões por retaliação, o chefe de governo Silvio Berlusconi tenta acalmar as tensões dizendo que não quer guerra com o Brasil e muitos políticos, segundo Libération, já perceberam que vão ter que aceitar o golpe e pensar no futuro das relações entre os dois países.

O jornal cita a seguinte declaração de um diplomata que não teve o nome revelado: "o sentimento de injustiça é imenso, mas a Itália tem grande interesse em desenvolver as relações econômicas com o Brasil, país em plena expansão e com quem acaba de assinar vários contratos no ano passado. Não podemos jogar tudo para o alto por causa de Battisti".

O católico La Croix, que também publica uma artigo sobre a decisão do STF no caso Battisti, ouviu o professor de civilização italiana da Faculdade de Ciências Políticas da Sorbonne, Paulo Modugno. Ele explica porque a Itália reagiu tão mal ao anúncio da não extradição do ex-ativista. Segundo Modugno, tanto para os italianos de direita quanto de esquerda, Battisti é antes de tudo um criminoso comum, convertido em ativista político depois de ter passado pela prisão. O país está cansado das lições de moral por seus anos de "chumbo" e existe um sentimento de que, com o caso Battisti, criou-se um obstáculo pouco democrático para o trabalho da justiça do país, concluiu o professor.
 

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