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Líbia/Guerra

Rebeldes relatam intensos bombardeios das forças pró-Kadafi em Misrata

Seguem intensos, na Líbia, os combates entre as forças leais ao coronel Kadafi e os insurgentes, impedidos de avançar para o oeste devido à redução dos bombardeios aliados controlados desde ontem pela OTAN. O presidente do Conselho Nacional de Transição líbio, Moustafa Abdeldjeil, afirmou hoje que os insurgentes podem aceitar um cessar-fogo desde que as forças de Kadafi desertem as cidades do oeste da Líbia. 

Depois de capturar um inimigo em Ajdabiyah, rebelde exibe carteira de identidade de um mercenário do Chade recrutado por Kadafi.
Depois de capturar um inimigo em Ajdabiyah, rebelde exibe carteira de identidade de um mercenário do Chade recrutado por Kadafi. Reuters/Andrew Winning
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Os rebeldes líbios denunciaram nesta quinta-feira, em telefonema à agência Reuters, bombardeios intensos das forças pró-Kadafi na cidade de Misrata, 200 km a leste de Trípoli. As tropas kadafistas estariam destruindo estabelecimentos comerciais e casas de civis no centro da cidade com intensa violência. "Eles chegaram pela estrada de Trípoli com tanques, lançando morteiros e granadas às cegas, arrasando tudo o que viam pela frente", disse por telefone Sami, um porta-voz dos rebeldes.

Os jornalistas que cobrem o conflito estão impedidos de checar a situação em Misrata, já que as forças leais ao regime não deixam a imprensa transitar livremente. Em uma carta enviada à Reuters, um médico de Misrata disse que Kadafi enviou à cidade, na manhã desta sexta-feira, a 32ª brigada, uma das mais bem equipadas e treinadas pelas forças líbias. Desesperado, o médico pergunta na carta "onde está a comunidade internacional?".

Um navio de ajuda humanitária com 150 toneladas de remédios e alimentos atracou na quinta-feira para auxiliar os moradores de Misrata, terceira maior cidade do país, controlada há mais de 40 dias pelas forças leais a Kadafi.

Mais a oeste, nos arredores de Brega, onde está localizado um importante terminal petrolífero, pela primeira vez os jornalistas estão sendo impedidos de se aproximar da linha de combate, segundo a agência de notícias AFP. O acesso está sendo controlado a partir de Adjabiyah, distante 80 km de Brega. Os rebeldes impedem a passagem da imprensa e de civis. Por isso, é dificil confirmar com fontes independentes quem controla a cidade de Brega.

Movimentação política

Depois de passar vários dias em Londres, Mohammed Ismail, um assessor próximo de Kadafi, retornou a Trípoli e estaria levando uma "mensagem forte" do governo britânico para o ditador. Segundo o jornal The Guardian, ele teria sido enviado a Londres para negociar com as autoridades locais uma saída para o ditador líbio. De acordo com telegramas do site de vazamentos Wikileaks, Ismail é um próximo de Saif al Islam, filho de Kadafi, e representante da família em negociações para a compra de armas.

Em visita à China, o chanceler alemão Guido Westerwelle disse que o conflito na Líbia não será resolvido pelas armas. A solução é política, comentou o chanceler. Westerwelle voltou a pedir ao coronel Kadafi que respeitasse o cessar-fogo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU.

Assim como o Brasil, a Alemanha e a China se abstiveram da votação da resolução 1973 da ONU, que autorizou a intervenção militar na Líbia. Já o ministro chinês das Relações Exteriores, Yang Jiechi, voltou a expressar a preocupação da China com a morte de civis no país e a sequência dos combates.

Rebeldes pedem para não ser esquecidos

Moradores de Benghazi, sede da rebelião e do CNT, saíram hoje às ruaspara fazer um buzinaço. Eles comemoraram a defecção do chanceler líbio Moussa Koussa e aproveitaram para pedir à comunidade internacional que continue com os bombardeios contra as forças pró-Kadafi. Carregando bandeiras francesas e americanas, homens, mulheres e crianças se reuniram em frente à sede do Conselho Nacional de Transição líbio.

Os governos que apoiam a intervenção militar na Líbia continuam dividios sobre a conveniência de armar os insurgentes. A Turquia, que resistiu mas acabou cedendo à pressão, teme que as armas fornecidas aos rebeldes acabem nas mãos de extremistas islâmicos.

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