Rebeldes relatam intensos bombardeios das forças pró-Kadafi em Misrata
Seguem intensos, na Líbia, os combates entre as forças leais ao coronel Kadafi e os insurgentes, impedidos de avançar para o oeste devido à redução dos bombardeios aliados controlados desde ontem pela OTAN. O presidente do Conselho Nacional de Transição líbio, Moustafa Abdeldjeil, afirmou hoje que os insurgentes podem aceitar um cessar-fogo desde que as forças de Kadafi desertem as cidades do oeste da Líbia.
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Os rebeldes líbios denunciaram nesta quinta-feira, em telefonema à agência Reuters, bombardeios intensos das forças pró-Kadafi na cidade de Misrata, 200 km a leste de Trípoli. As tropas kadafistas estariam destruindo estabelecimentos comerciais e casas de civis no centro da cidade com intensa violência. "Eles chegaram pela estrada de Trípoli com tanques, lançando morteiros e granadas às cegas, arrasando tudo o que viam pela frente", disse por telefone Sami, um porta-voz dos rebeldes.
Os jornalistas que cobrem o conflito estão impedidos de checar a situação em Misrata, já que as forças leais ao regime não deixam a imprensa transitar livremente. Em uma carta enviada à Reuters, um médico de Misrata disse que Kadafi enviou à cidade, na manhã desta sexta-feira, a 32ª brigada, uma das mais bem equipadas e treinadas pelas forças líbias. Desesperado, o médico pergunta na carta "onde está a comunidade internacional?".
Um navio de ajuda humanitária com 150 toneladas de remédios e alimentos atracou na quinta-feira para auxiliar os moradores de Misrata, terceira maior cidade do país, controlada há mais de 40 dias pelas forças leais a Kadafi.
Mais a oeste, nos arredores de Brega, onde está localizado um importante terminal petrolífero, pela primeira vez os jornalistas estão sendo impedidos de se aproximar da linha de combate, segundo a agência de notícias AFP. O acesso está sendo controlado a partir de Adjabiyah, distante 80 km de Brega. Os rebeldes impedem a passagem da imprensa e de civis. Por isso, é dificil confirmar com fontes independentes quem controla a cidade de Brega.
Movimentação política
Depois de passar vários dias em Londres, Mohammed Ismail, um assessor próximo de Kadafi, retornou a Trípoli e estaria levando uma "mensagem forte" do governo britânico para o ditador. Segundo o jornal The Guardian, ele teria sido enviado a Londres para negociar com as autoridades locais uma saída para o ditador líbio. De acordo com telegramas do site de vazamentos Wikileaks, Ismail é um próximo de Saif al Islam, filho de Kadafi, e representante da família em negociações para a compra de armas.
Em visita à China, o chanceler alemão Guido Westerwelle disse que o conflito na Líbia não será resolvido pelas armas. A solução é política, comentou o chanceler. Westerwelle voltou a pedir ao coronel Kadafi que respeitasse o cessar-fogo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU.
Assim como o Brasil, a Alemanha e a China se abstiveram da votação da resolução 1973 da ONU, que autorizou a intervenção militar na Líbia. Já o ministro chinês das Relações Exteriores, Yang Jiechi, voltou a expressar a preocupação da China com a morte de civis no país e a sequência dos combates.
Rebeldes pedem para não ser esquecidos
Moradores de Benghazi, sede da rebelião e do CNT, saíram hoje às ruaspara fazer um buzinaço. Eles comemoraram a defecção do chanceler líbio Moussa Koussa e aproveitaram para pedir à comunidade internacional que continue com os bombardeios contra as forças pró-Kadafi. Carregando bandeiras francesas e americanas, homens, mulheres e crianças se reuniram em frente à sede do Conselho Nacional de Transição líbio.
Os governos que apoiam a intervenção militar na Líbia continuam dividios sobre a conveniência de armar os insurgentes. A Turquia, que resistiu mas acabou cedendo à pressão, teme que as armas fornecidas aos rebeldes acabem nas mãos de extremistas islâmicos.
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