Carrefour em situação crítica no Brasil, destaca Le Figaro

Erros de administração da filial francesa deram um rombo contábil de 550 milhões de euros, cerca de 1,245 bilhão de reais.

RFI

O suplemento econômico do jornal Le Figaro comenta que o Carrefour no Brasil não tem mais vontade de dançar samba. A filial verde-amarela, terceira em faturamento depois da França e da Espanha, virou o pesadelo do segundo supermercadista no Brasil depois do Pão de Açúcar. Foi essa soma colossal que causou a demissão, em julho, do presidente do grupo no Brasil há oito anos, Jean-Marc Pueyo, e uma parte da diretoria.
O jornal francês descreve a estratégia adotada que não deu certo. Durante anos, a filial brasileira comprou diretamente um número enorme de mercadorias, sem passar pela central de compras do grupo. Os diretores também negociavam descontos junto aos fornecedores locais, condicionados a metas de vendas ambiciosas.

Quando não conseguiam atingir o objetivo, ao invés de reembolsar os fornecedores, prometiam novas encomendas para ter novos descontos. As práticas acabaram tendo consequências fiscais: os ajustes de provisões ligados aos descontos, além dos litígios tributários e da baixa contábil dos estoques, resultaram na soma colossal de encargos de 1,224 bilhão de reais.

Um quadro como este, é claro, tem no fim da linha uma investigação apurada para determinar responsabilidades.

Le Figaro observa que como um mal chama outro, o valor previsto do lucro operacional do grupo Carrefour para 2010 foi reduzido mais uma vez, sendo agora de 3 bilhões de euros, cerca de 6,9 bilhões de reais; 130 milhões de euros, quase 290 milhões de reais, a menos do que o previsto.

No Brasil, o Carrefour tem 59 hipermercados, 114 supermercados Carrefour Bairro e 69 supermercados Atacadão.