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Macron enfrenta primeira crise com saída de 4 ministros do governo

Os quatro ministros do governo francês pediram demissão em três dias. O primeiro foi Richard Ferrand, um dos principais colaboradores de Emmanuel Macron que o ajudou a fundar o movimento Em Marcha, na segunda-feira (19). Ele foi seguido pelos três representantes do partido centrista MoDem.  Todos estão sendo investigados pela Justiça e foram pressionados pela proposta de moralização da vida política francesa do presidente. O primeiro-ministro francês deve anunciar o novo gabinete nesta quarta-feira (21).

O ministro da Justiça, François Bayrou, anunciou sua demissão do governo na manhéa desta quarta-feira, 21 de junho de 2017.
O ministro da Justiça, François Bayrou, anunciou sua demissão do governo na manhéa desta quarta-feira, 21 de junho de 2017. RFI/Edmond Sadaka
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Após a larga vitória do partido A República Em Marcha (LREM) de Emmanuel Macron no segundo turno das eleições legislativas no último domingo (18), a nomeação de um novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Edouard Philippe, era esperada. A presidência contava com uma reforma mínima e a recondução da maioria dos ministros, mas as mudanças no novo gabinete serão mais significativas, indicando uma primeira crise desde a chegada de Macron ao poder, em maio.

Surpreendendo o governo, os três ministros aliados, do partido de centro MoDem, anunciaram a renúncia dos cargos, sob pressão das investigações que apuram desvio de verbas do Parlamento Europeu para o pagamento de assessores, situação comparada a empregos-fantasma. A primeira a tomar a decisão foi a ministra da Defesa, Sylvie Goulard, que oficializou na terça-feira sua demissão para demonstrar sua "boa fé" nas investigações. O presidente prometeu "restaurar a confiança na ação pública, reformar a França e impulsionar a Europa. Esta ação de ajuste deve prevalecer sobre qualquer consideração pessoal", afirma o comunicado de Sylvie Goulard, que foi eleita eurodeputada em 2009 e reeleita em 2014.

Sua decisão foi seguida na manhã desta quarta-feira, pelo ministro da Justiça, François Bayrou, e pela ministra de Assuntos Europeus, Marielle de Sarnez, que irá dirigir a bancada do MoDem na Assembleia Nacional. Bayrou, várias vezes candidato à presidência e um dos políticos mais populares da França, foi um aliado fundamental para a eleição de Macron. Ele dará uma entrevista coletiva no final da tarde para explicar seu gesto. O grande questionamento é se o MoDem continuará apoiando o governo ou o partido centrista irá para a oposição.

Decisão pessoal

O porta-voz do governo, Christophe Castaner, explicou que Bayrou tomou "pessoalmente a decisão para simplificar a situação e se defender". Na semana passada, o ministro da Justiça havia apresentado no Conselho de Ministros o projeto de lei de moralização da vida pública, uma das principais reformas do atual governo que será debatida no Parlamento em julho.

Com a reforma ministerial, o ministro da Coesão Territorial,Richard Ferrand, alvo de uma investigação preliminar em um caso de suposto favorecimento, deixa a pasta, oficialmente, para ser o líder da bancada parlamentar do LREM. A oposição acusa o presidente de ter deslocado o colaborador para protegê-lo da Justiça. De volta à Assembleia, Ferrand tem imunidade parlamentar. O LREM conquistou no domingo a maioria absoluta na casa, elegendo 308 deputados.

"Em Marcha não precisa do MoDem"

Para o cientista político Nicolas Tenzer, do Centro de Estudos e de Reflexão para a Ação Política, esta crise envia dois sinais contraditórios. O Primeiro é negativo: "a saída de quatro ministros logo no início do mandato pode mostrar que há um desentendimento no governo", aponta. Mas, o "LREM tem maioria absoluta na Assembleia, não precisa do MoDem, e não podemos dizer que o partido centrista tente chantagear o governo", salienta. Nicolas Tenzer ressalta ainda que nenhum dos envolvidos, seja do MoDem ou Richard Ferrand do LREM, foram por enquanto indiciados.

Laurent Wauquiez, do partido conservador Os Republicanos, classifica a situação de "escândalo político" e de "grande crise governamental". Ele pede ao presidente Emmanuel Macron para impedir que suspeitos de fraude sejam líderes de bancadas na Assembleia.

O vice-presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Florian Philippot, disse que as demissões dos aliados do MoDem são "uma catástrofe" para o presidente que é "obrigado a agir".

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