Londres pode eleger primeiro prefeito muçulmano da História

Um filho de imigrantes paquistaneses pode se tornar o primeiro prefeito muçulmano de Londres e um dos únicos a ocupar uma posição de destaque na história política do Reino Unido. Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, lidera as pesquisas de intenção de voto nas eleições nesta quinta-feira (5) na capital britânica e no resto do país. A Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte também escolhem hoje os membros dos seus parlamentos locais.

Rejetant catégoriquement les accusations d'être proches d'islamistes extrémistes, Zadiq Khan met en avant son identité de musulman intégré dans une ville très cosmopolite. REUTERS/Hannah McKay

Sadiq Khan é filho de imigrantes paquistaneses - o quinto de oito irmãos. O pai dele foi motorista de ônibus em Londres durante 25 anos, e a mãe, costureira. Ele foi educado em escolas públicas e atuou muitos anos como advogado na área de direitos humanos, até ser eleito para o Parlamento, em 2005.

Khan também fez parte do ministério do primeiro-ministro Gordon Brown tornando-se o segundo muçulmano a ocupar um cargo no governo britânico em toda a história do país. As origens do candidato são seu principal trunfo nesta corrida eleitoral e ele tem insistido em dizer que é o único candidato que entende as necessidades dos londrinos, principalmente em relação à habitação e impostos.

Já Zac Goldsmith é o que se pode descrever como o oposto de Khan. Ele tem origem judaica, é filho de um empresário bilionário e uma socialite. Goldsmith sempre estudou em escolas particulares da elite britânica e se formou na Universidade de Cambridge. O candidato atuou como editor de uma revista sobre ecologia até entrar no Parlamento.

Sadiq Khan é o favorito das pesquisas

Sadiq Khan é o favorito nas sondagens. A pesquisa mais recente, divulgada há duas semanas, apontava Khan com 16 pontos à frente do principal rival, o candidato conservador Zac Goldsmith – 48% contra 32%.  O candidato era visto como um “rosto jovem e sintonizado” dentro do Partido Conservador. Mas, nesta campanha eleitoral, ele acabou sendo apontado pelos concorrentes como alguém distante da realidade da maioria da população, que defenderia mais os interesses dos ricos. Ele também ficou mal visto ao tentar acusar Sadiq Khan de ter ligações com extremistas muçulmanos, sem conseguir provar.

Atuação do prefeito é limitada

Em termos de atuação política, o prefeito de Londres se limita a governar a cidade em algumas áreas, como transporte, segurança e construção civil, por exemplo. Outras decisões, como na área de educação, coleta de lixo e recreação, são feitas pelas subprefeituras. Mas é natural que o cargo de prefeito da maior cidade do país tenha um peso bem grande no cenário nacional. Basta olhar o exemplo do atual prefeito, Boris Johnson, do Partido Conservador, que tem uma influência enorme dentro do partido, a ponto de muitas vezes ofuscar o primeiro-ministro David Cameron em várias ocasiões.

Além disso, esta eleição está sendo vista como a primeira grande prova de fogo para os trabalhistas, da oposição. O partido é liderado desde setembro passado por Jeremy Corbyn, uma figura polêmica que até agora não tem conseguido mostrar que é capaz de unir os trabalhistas e fazer uma oposição forte ao governo. Eles perderam muitas cadeiras no Parlamento nas eleições do ano passado e estão precisando manter todos os postos que eles puderem ocupar e conquistar mais, se possível. Eles esperam ter uma boa votação nas câmaras municipais, que também estão sendo eleitas hoje.

Candidato é a favor da manutenção do Reino Unido na UE

O Reino Unido também está em pleno debate em torno do referendo que vai decidir sobre a permanência do país na União Europeia, marcado para 23 de junho. Sadiq Khan se diz a favor da permanência, enquanto Zac Goldsmith e o próprio Boris Johnson são algumas das principais vozes defendendo a saída do país do bloco.

Nas assembleias locais, as pesquisas projetam que o Partido Nacional Escocês, o SNP, deve levar a maioria dos assentos e continuar liderando a assembleia. Isso significa também que a líder do partido, Nicola Sturgeon, deve continuar a ser a primeira-ministra escocesa. E, o mais importante, dependendo da margem de vitória, Sturgeon já declarou que pretende levar adiante a ideia de um novo referendo sobre a independência da Escócia.