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França/Polêmica

Premiê francês defende interdição de véu islâmico nas universidades

O primeiro-ministro, Manuel Valls, voltou a criar polêmica ao afirmar ser favorável a “uma lei” que proíba o uso do véu islâmico nas universidades francesas. Ele fez a afirmação em entrevista ao jornal Libération desta quarta-feira (13). A posição divide o governo. Imediatamente, ministros da área de educação discordaram, dizendo que a medida é desnecessária.

Véu islâmico é usado por muitas estudantes francesas muçulmanas.
Véu islâmico é usado por muitas estudantes francesas muçulmanas. AFP/ERIC CABANIS
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Apesar de dizer que a França “deveria fazer” uma lei contra o uso do símbolo religioso pelas mulheres muçulmanas que frequentam as universidades do país, Manuel Valls lembrou que “existem regras constitucionais que dificultam essa interdição.” Por isso, o primeiro-ministro, que considera o véu um instrumento de servidão das mulheres, recomenda a necessidade de se ser “intransigente na aplicação das regras sobre a laicidade no ensino superior.”

A posição de Manuel Valls não tem unanimidade no governo. A ministra francesa da Educação, Najat Vallud-Belkacem, é contra a interdição do véu islâmico na Universidade. Ela lembrou que o véu integral já é proibido por lei nos espaços públicos do país, inclusive nas universidades. “Estamos lidando com adultos”, afirmou a ministra ao canal de televisão BFMTV.

O secretário de Estado de Ensino Superior, Thierry Mandon, concorda com Belkacem. Ele garantiu que o uso do véu cobrindo apenas a cabeça, que não é proibido na sociedade francesa e não provoca nenhum problema. “Quanto somos usuários de um serviço público, temos o direito de usar um lenço. Podem pensar o que quiserem, mas este direito existe”, ressaltou Mandon.

A lei proibindo o uso do véu integral no espaço público entrou em vigor na França em abril de 2011. Desde então, a necessidade de interditar o véu islâmico nas universidades é levantada, criando sempre polêmica.

Laicidade respeitada na França

Em dezembro de 2015, o Observatório da Laicidade, uma comissão de especialistas que depende do gabinete do primeiro-ministro, considerou que não era “nem útil nem oportuno” legislar sobre o uso de símbolos religiosos pelos universitários. Um relatório realizado pelo Observatório afirmou que a “laicidade é globalmente respeitada”. Apenas 130 casos de “desacordo ou conflitos pontuais” foram assinalados nas 130 universidades do país, que totalizam dois milhões de estudantes.

Os motivos dos conflitos não foram somente o uso do véu islâmico. A adaptação do calendário escolar às festas religiosas, o ensino de conteúdos por motivos religiosos ou ainda a presença ostensiva de livros sagrados, Bíblias ou Corão, em cima das mesas dos estudantes, foram também reveladas pelo levantamento.

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