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França

Franceses se tornam principal alvo de sequestradores pelo mundo

Com quinze reféns na África, a França ultrapassou os Estados Unidos no triste recorde do número de cidadãos sequestrados pelo mundo. O país se tornou o principal alvo da ação dos radicais islâmicos, que intensificaram suas ações após o início da intervenção solitária da França no Mali.

Mapa dos reféns franceses espalhados pelo Saara Ocidental
Mapa dos reféns franceses espalhados pelo Saara Ocidental RFI/France 24
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Após o sequestro de uma família de sete pessoas, das quais quatro são crianças, no norte de Camarões, as autoridades francesas iniciam um novo quebra-cabeça para libertar reféns retidos na região do Sahel. Além da família, outras seis pessoas estão retidas pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico(Aqmi) na mesma região. Durante muito tempo, os americanos, líderes de inúmeras intervenções militares, foram o principal objetivo de radicais. Atualmente, nove cidadãos dos Estados Unidos são declarados como reféns espalhados pelo mundo.

O interesse pelos cidadãos franceses não é um fenômeno recente. As ameaças de grupos radicais para atingir o "coração da França" aumentaram o temor de sequestros na região do Sahel, onde a prática deste tipo de crime se tornou uma forma de exercer pressão em governos e de financiar os radicais. A família francesa sequestrada nesta terça(19) teria sido levada para a Nigéria, país que abriga a seita islâmica Boko Haram e o movimento radical Ansaru. No fim do mês de janeiro, o Consulado da França na Nigéria declarou ter recebido ameaças diretas de grupos terroristas nigerianos (sem confirmar qual grupo teria feito as ameaças) em represália à intervenção francesa no Mali, lançada no dia 11 de janeiro. Algumas semanas antes, membros do grupo Ansaru sequestraram um francês no norte da Nigéria, justificando a ação como uma resposta aos preparativos da intervenção militar da França no Mali. Na sua reivindicação, o Ansaru acusa os países europeus de trangressões e de agressões contra a religião de Alá no Afeganistão e no Mali.

Como agir em duas frentes de guerra e resgatar reféns

Para encontrar seus cidadãos-reféns, a França conta com o serviço de espionagem no exterior, conhecido como DGSE e com as ações das Forças Armadas. Uma força especial francesa já tinha sido enviada ao norte do Mali, na semana passada, na região do maciço das Ifoghas, onde se concentrariam grupos radicais armados. Entretanto, além dos quatro mil homens destacados no Mali, a França está presente militarmente no Afeganistão, o que levanta questões quanto à capacidade do país em administrar operações militares e libertar reféns. Citado pelo jornal The New York Times, o ministro da Defesa francês Jean-Yves Le Drian aponta uma certa limitação da França. "Um país com competências aeronáuticas, que produz bons aviões, mas que ainda não soube se antecipar às tendências ligadas à vigilância e à informação. A França tem somente dois aviões teleguiados", afirmou o ministro que reconheceu que "novos investimentos em informação e em forças especiais são essenciais".

Segundo especialistas, a França deve ao seu passado o fato de ser um dos principais alvos de sequestradores radicais islâmicos. Os franceses teriam pago o resgate a grupos terroristas para libertar reféns em episódios anteriores, nas últimas décadas. Segundo o presidente François Hollande o pagamento de resgate alimentaria o terrorismo e incentivaria a execução de novos sequestros.
 

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