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Narcotráfico na França teve “crescimento sem precedentes” com influência de grupos sul-americanos

Sob o título “Radiografia de uma França ameaçada pelo tráfico de drogas”, o jornal Le Monde traz nesta segunda-feira (12) uma análise do relatório "O estado da ameaça representada pelo tráfico de drogas" do Escritório Antidrogas (Ofast), a agência responsável por coordenar a luta contra o tráfico de drogas na França, que descreve o papel dos grupos criminosos estrangeiros e franceses. O estudo de 80 páginas decifra os desafios do narcotráfico no país que começariam na América do Sul.

Folhas de coca de um campo no município de Tibu, Colômbia, em outubro de 2022.
Folhas de coca de um campo no município de Tibu, Colômbia, em outubro de 2022. AFP - SCHNEYDER MENDOZA
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O Le Monde afirma que o relatório do Escritório Antidrogas francês é tão impressionante que poderia ser uma de análise econômica exaltando um mercado com "crescimento sem precedentes", já que, segundo o documento, tratam-se de "produtos" cujo valor aumenta 30 vezes após atravessarem o Atlântico. A versão de 2023 do relatório da Ofast concentra-se principalmente nos campos de coca da Colômbia, que nunca produziram tanta cocaína (1.738 toneladas em 2022, um aumento de 24% em relação a 2021). 

De acordo com o estudo, a produção maciça, juntamente com a de outras drogas tradicionais como maconha e heroína, além de substâncias sintéticas fabricadas na Europa, são as "sementes" do tráfico de drogas que afetam o território francês. A França seria tanto um país de trânsito quanto um lugar onde as drogas são consumidas, e agora, segundo o levantamento, passa a ser considerado um importante ponto de ação para grupos do crime organizado.

Cadeia de produção e distribuição 

"Embora as organizações criminosas estrangeiras possam ser fornecedoras de cocaína para as redes de varejo francesas, as entidades francesas estão envolvidas na importação do produto por meio de suas próprias redes", enfatiza o relatório do Ofast.

Seguindo a cadeia logística, os grupos do crime organizado colombianos (como o Clã do Golfo) e peruanos (Sendero Luminoso) têm um controle firme sobre a produção. O relatório aponta ainda outros participantes, incluindo máfias italianas, grupos belgo-holandeses (Mocro Maffia) e cartéis dos Bálcãs, México, Albânia, Venezuela, Suriname e do Brasil.

Na reportagem do diário, afirma-se que "nenhuma das organizações internacionais descritas como as 'principais' do tráfico de drogas despreza a França, cujo litoral serve como uma interface privilegiada para acessar o mercado europeu", aponta o Le Monde.

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Conexão com o Brasil

O estudo detalhou que traficantes brasileiros baseados no norte do Brasil, "se mudaram para a Guiana Francesa", enquanto desenvolvem suas "atividades criminosas preferidas": tráfico de cocaína, garimpo ilegal de ouro e assalto à mão armada. 

A reportagem destacou do relatório, que o Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a maior organização criminosa do Brasil e chamado pelo jornal francês de "um grupo muito poderoso e estruturado já estabelecido em Portugal", também é suspeito de ter introduzido alguns de seus afiliados na França continental.

De acordo com o estudo da Ofast, os grupos organizados do narcotráfico na França participam de operações de comando e sequestros relacionados ao tráfico de heroína e tráfico internacional de cocaína, com ligações diretas com a América do Sul.  

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