Macron se aproxima da direita conservadora para tentar aprovar nova lei sobre imigração
O governo francês iniciou nesta quarta-feira (13) as negociações visando a apreciação da nova lei sobre imigração por uma comissão parlamentar mista, que irá se reunir na segunda-feira (18). A primeira-ministra, Élisabeth Borne, cancelou uma viagem ao exterior para cuidar do assunto e já começou a receber diversas lideranças partidárias.
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A imprensa francesa desta quarta-feira (13) analisa as reações do presidente Emmanuel Macron diante da rejeição na Assembleia Nacional, há dois dias, do novo projeto de lei defendido pelo ministro Gérald Darmanin. O texto é alvejado pela imprensa, que o considera incoerente ao propor endurecer as regras de acolhimento de estrangeiros, mas regularizar a situação de trabalhadores ilegais no país. Para tentar aprová-lo, o chefe de Estado dá um passo a mais em direção à direita mais conservadora.
"Lei da imigração: Macron tenta sair do impasse" é a manchete do jornal Le Figaro, que destaca que, na ausência de soluções, o chefe de Estado recorre mais uma vez ao partido de direita Os Republicanos para sair da crise.
Macron deseja que o texto continue sua trajetória parlamentar, por isso acionou uma comissão formada por sete deputados e sete senadores, dos quais cinco são de direita e cinco de seu partido A República em Marcha. O objetivo, ressalta Le Figaro, é encontrar um compromisso com a oposição sobre o polêmico projeto de lei.
"Macron, fracassei minha reforma" é a irônica manchete do jornal Libération, que faz uma paródia em sua capa do filme "Esqueceram de Mim". No centro, Darmanin aparece reproduzindo a expressão de desespero do ator Macaulay Culkin, intérprete do personagem Kevin na célebre comédia infantil dos anos 1990. Na mesma foto, Macron aparece à esquerda do ministro, enquanto a primeira-ministra Élisabeth Borne é ilustrada à direita, imitando a icônica capa do longa dirigido por Chris Columbus.
"A recusa da Assembleia de examinar a lei defendida por Gérald Darmanin evidencia as dificuldades do chefe de Estado", afirma o diário. Sem maioria e em pane de ideias, ele não consegue manter o fôlego em seu segundo mandato, reitera Libération.
Brincando com fogo
Em editorial, o jornal avalia que a melhor forma de resolver a situação seria retirar o texto, mas os deputados macronistas se recusam a fazê-lo, argumentando que a reforma da imigração é uma promessa de campanha do presidente. "Ao brincar com fogo, o governo iniciou um incêndio", afirma.
O jornal La Croix classifica a rejeição do texto pela Assembleia como "um fracasso". A matéria destaca que Macron, ao invés de reconhecer falhas no projeto, prefere culpar deputados da oposição, que acusa de querer "bloquear o país". No entanto, para o diário, a atitude da Assembleia é uma clara demonstração da dificuldade do governo de promover mudanças na França.
Segundo parlamentares entrevistados pelo La Croix, a previsão é que o projeto de lei, obtendo apoio da direita tradicional, se torne ainda mais rígido. "A identidade do macronismo, ultrapassando os abismos políticos, vê-se mais uma vez ameaçada, após as longas tensões em torno da reforma da Previdência", analisa o jornal.
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