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França: Sindicatos celebram 'mobilização histórica' em greve nacional contra reforma da aposentadoria

Os protestos contra a reforma da Previdência na França se intensificaram nesta terça-feira (7) com o bloqueio de refinarias, viagens de trens canceladas, escolas fechadas e a ameaça de prorrogação das greves até a retirada do projeto de lei impopular. Sindicatos celebraram o que chamaram de “mobilização histórica”, principalmente em Paris.

As ruas de Paris foram tomadas por manifestantes neste 6° dia de protestos contra a reforma da Previdência.
As ruas de Paris foram tomadas por manifestantes neste 6° dia de protestos contra a reforma da Previdência. AP - Aurelien Morissard
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A segunda maior economia da União Europeia (UE) viveu a sua sexta jornada de greve desde 19 de janeiro para protestar contra o endurecimento das condições de acesso a uma pensão integral, defendida de maneira inflexível pela equipe do presidente Emmanuel Macron. Os sindicatos intensificam suas ações após semanas de protestos pacíficos que não apresentaram resultados, incluindo as maiores passeatas registradas em três décadas contra uma reforma social, em 31 de janeiro, quando 1,27 milhão de pessoas foram às ruas, segundo a polícia (2,8 milhões para a CGT).

De acordo com os primeiros dados divulgados no final do dia, nesta terça-feira o número de participantes foi superior, alcançando 1,28 milhão de manifestantes segundo a polícia e cerca de 3,5 milhões de acordo com os sindicatos.

"Conseguimos mostrar a determinação do mundo do trabalho". O governo "não pode continuar a se fazer de surdo", disse o líder do sindicato CFDT, Laurent Berger, que comemorou a "mobilização histórica" durante manifestação em Paris.

As manifestações começaram de forma festiva e pacífica. No entanto, o cortejo parisiense foi marcado por momentos de tensão entre a polícia e arruaceiros, que se enfrentaram em alguns pontos do trajeto. Atos de vandalismo foram registrados e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas no meio da multidão.

O protesto parisiense foi marcado por tensões, com atos de vandalismo e bombas de gás lacrimogêneo lançadas durante o percurso.
O protesto parisiense foi marcado por tensões, com atos de vandalismo e bombas de gás lacrimogêneo lançadas durante o percurso. AP - Aurelien Morissard

Bloqueio de refinarias

O dia amanheceu com estradas bloqueadas de Rennes (oeste) a Perpignan (sul), com a suspensão do envio de combustível de todas as refinarias e cortes de energia, segundo a empresa Enedis, em Boulogne-sur-Mer (norte). De acordo com os sindicatos, metade dos empregados também aderiram à greve na EDF, uma das principais empresas responsáveis pelo fornecimento de eletricidade, provocando uma redução na produção de energia no país. Piquetes também foram armados, bloqueando várias zonas industriais, o que impossibilitou a circulação de muitos caminhões.

Os transportes também foram afetados, com apenas três em cada cinco trens circulando na região parisiense. Já na rede de metrôs da capital, apenas as duas linhas 100% automáticas funcionaram normalmente. As demais sofreram fortes perturbações e algumas foram totalmente interrompidas. Em outras grandes cidades, como Lille e Marselha, a maior parte dos ônibus não circularam.

O tráfego aéreo também foi atingido, pois a Direção geral da aviação civil (DGAC) já havia pedido que as companhias reduzissem seus voos nesta terça e quarta-feira. No aeroporto Paris-Charles-de-Gaulle 80% das rotas funcionaram, enquanto nos aerportos de Paris-Orly, Beauvais, Bordeaux, Lille, Lyon, Nantes, Marseille, Montpellier, Nice e Toulouse, 70% dos voos decolaram.

A mobilização também foi bastante seguida nas escolas, com um terço dos professores aderindo à greve, segundo o ministério da Educação. Os sindicatos afirmam que o número foi de pelo menos 60%.

Reforma contestada

Dois em cada três franceses, de acordo com as pesquisas, são contrários ao projeto de elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42, como atualmente) para receber pensão integral.

Aumentar uma das menores idades de aposentadoria da Europa tem o objetivo, segundo o governo, de evitar um futuro déficit da Previdência, em um contexto de aumento da expectativa de vida da população.

A última vez que os franceses conseguiram evitar uma reforma da Previdência aconteceu em 1995. Os sindicatos paralisaram os serviços de trens e metrô por três semanas e conseguiram manter um grande apoio da opinião pública.

(Com informações da AFP)

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