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Paris não vai ratificar o acordo entre UE e Mercosul "em seu estado atual”, diz ministro francês

A França poderá ratificar o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, afirmou o ministro francês da Agricultura nesta quinta-feira (2). No entanto, o representante de Paris estima que essa parceria precisa ser mais “justa” em termos de reciprocidade das normas ambientais.

O ministro francês da Agricultura, Marc Fesneau, disse que a França não vai assinar o acordo de livre comércio entre UE e Mercosul  "em seu estado atual".
O ministro francês da Agricultura, Marc Fesneau, disse que a França não vai assinar o acordo de livre comércio entre UE e Mercosul "em seu estado atual". AP - Michel Euler
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“Precisamos de acordos comerciais justos”, declarou Marc Fesneau, durante o congresso da Federação francesa de produtores de carne bovina (FNB).

"Até agora, dissemos que o acordo não era aceitável. Isso não significa que não haverá um acordo um dia com o Mercosul", continuou o ministro da Agricultura. No entanto, ele insistiu que a França não pretendia assinar "em seu estado atual”.

Fesneau faz referência ao acordo de livre-comércio concluído em 2019 entre a União Europeia e os quatro membros do Mercosul (Brasill, Argentina, Uruguai e Paraguai), após mais de 20 anos de negociações. O texto não chegou a ser ratificado em razão das reticências da Europa sobre a política ambiental do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Muitos países anunciaram que não validariam o acordo enquanto Brasília não mudasse sua postura, principalmente sobre o desmatamento da Amazônia.

A forma como os animais são criados antes de serem exportados, nem sempre respeitando as regras em vigor na Europa, também representavam um freio para o Velho Continente.

Mas o tom mudou com a volta ao poder no Brasil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda-feira, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse que a UE espera assinar um acordo até julho.

França reticente

Os agricultores franceses, mas também os criadores de gado do país, temem que o mercado europeu seja invadido por produtos agrícolas sul-americanos que não correspondam aos critérios em vigor na Europa. Ao contrário da União Europeia, o Brasil não baniu da alimentação de seus animais os antibióticos ativadores de crescimento.

Marc Fesneau, no entanto, ressaltou "a grande ambiguidade na França": "queremos vender leite, queremos vender carne de porco, queremos vender cereais, queremos vender vinhos e outras bebidas. Mas a partir do momento que há um acordo comercial, muita gente se opõe", ressaltou.

"Não se trata de se opor às trocas comerciais (...) mas essas trocas devem ser justas", disse também o presidente da FNB Bruno Dufayet.

Segundo as autoridades francesas, os países do Mercosul exportaram para a União Europeia quase 200.000 toneladas de carne bovina por ano, entre 2011 e 2019. O projeto de acordo prevê a abertura de uma faixa extra de 99.000 toneladas vindas do Mercosul.

(Com informações da AFP)

 

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