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Morre em Paris o francês Bruno Latour, um dos dez filósofos mais influentes do mundo

O filósofo francês Bruno Latour morreu na madrugada deste domingo (9), aos 75 anos. Um dos principais intelectuais da atualidade, ele trabalhou na intersecção da sociologia, da antropologia e, mais recentemente, da ecologia.

Antropólogo do mundo moderno, o filósofo francês Bruno Latour morreu na madrugada de domingo, 9 de outubro de 2022, aos 75 anos.
Antropólogo do mundo moderno, o filósofo francês Bruno Latour morreu na madrugada de domingo, 9 de outubro de 2022, aos 75 anos. AFP - JOEL SAGET
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Latour era considerado, ao lado do alemão Junger Habermas e do esloveno Slavoj Žižek, como um dos dez filósofos mais influentes do mundo. Com mais de 30 obras publicadas em diversas línguas, ele é provavelmente o intelectual francês mais citado nos últimos anos.

Ele foi um dos conceptores da teoria do “ator-rede”, (ANT, Actor-Network Theory), corrente da pesquisa em teoria social, que leva em conta, além dos humanos, os objetos (ou “não-humanos”) e os discursos, que também são considerados como atores.  

Sociólogo e filósofo das ciências, Latour era um intelectual que não se limitava a apenas uma disciplina, desenvolvendo seus trabalhos em filosofia, antropologia, epistemologia, etnografia e, mais recentemente, em ecologia política, com seus livros “Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno” (2020) e “Diante de Gaia: Oito conferências sobre a natureza no Antropoceno” (2020).

De acordo com o jurado do prêmio norueguês Holberg de Ciências Sociais que recebeu em 2013, Latour era um espírito “criativo, humorístico e imprevisível”.

Percurso

Após uma tese de doutorado na Universidade de Tours, na França, ele seguiu sua carreira como assistente na Faculdade de direito de Abidjan, na Costa do Marfim. Seus trabalhos em Sociologia das Ciências o conduzem ao laboratório de neuro-endocrinologia do professor Roger Guillemin, no Salk Institute de San Diego, na Califórnia. Sua estada na instituição levou à publicação de “Les Microbes: Guerre et Paix” (Micróbios: Guerra e paz, de 1984), reeditado em 2001 com o título de “Pasteur : guerre et paix des microbes”  (Pasteur: guerra e paz dos micróbios).

Entre os locais onde lecionou estão a universidade de Melbourne, o Centro de Sociologia da Inovação da Escola Nacional Superior de Minas da França, a London School of Economics, a Universidade de Chicago, a Cornell University e o King’s College de Cambridge.

Como professor emérito do Instituto de Estudos políticos de Paris (Sciences Po), ele fundou e dirigiu até seus últimos dias o Médialab, um laboratório interdisciplinar que realiza pesquisas sobre as relações entre o digital e a sociedade.

Muitas de suas obras se interessam às questões de gestão e de organização da pesquisa e como a sociedade produz valores e verdades.

Para ele, a crise climática e a pandemia revelaram de maneira brutal uma luta entre “classes geo-sociais”. “O capitalismo cavou seu próprio túmulo. Agora é necessário reparar”, disse em 2021, em entrevista à AFP.

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