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Macron rejeita demissão de primeira-ministra e sonda oposição em busca de aliados no Legislativo

Desde que perdeu a confortável maioria que tinha na Assembleia Nacional, o presidente francês, Emmanuel Macron, ainda não se pronunciou, mas recebe nesta terça (21) e quarta-feira (22), no Palácio do Eliseu, os líderes dos principais partidos do país, da extrema direita à esquerda radical. A primeira-ministra Élisabeth Borne pediu demissão do cargo nesta manhã, devido ao fracasso da coligação governista nas urnas, mas teve a renúncia rejeitada por Macron. 

Dois dias após a derrota nas eleições legislativas, Emmanuel Macron recebe no Palácio do Eliseu líderes das principais forças políticas, da extrema direita à esquerda radical.
Dois dias após a derrota nas eleições legislativas, Emmanuel Macron recebe no Palácio do Eliseu líderes das principais forças políticas, da extrema direita à esquerda radical. AP - Gonzalo Fuentes
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Macron começou a receber na manhã desta terça-feira (21), entre outros, Christian Jacob, presidente do partido de direita Os Republicanos, o socialista Olivier Faure, o aliado de centro-direita François Bayrou e o comunista Fabien Roussel. No final da tarde, será a vez de Marine Le Pen, da sigla de extrema direita Reunião Nacional, que elegeu uma bancada de 89 deputados e reivindica a vice-presidência da Assembleia, entre outros postos-chave nas comissões do Parlamento. 

A maratona de reuniões continua na quarta, mas Jean-Luc Mélenchon, que organizou a oposição de esquerda na coligação Nupes (Nova União Popular Ecológica e Social), já avisou que não irá se encontrar pessoalmente com Macron. O partido de esquerda radical A França Insubmissa será representado no Eliseu por dois emissários de Mélenchon. Macron ainda discutirá uma aproximação com o líder dos ecologistas, Yannick Jadot.

Na segunda-feira (20), verdes, socialistas e comunistas rejeitaram a proposta de Mélenchon de atuarem como uma bancada única de mais de 130 deputados no Parlamento, com o objetivo de limitar a ação da extrema direita. No entanto, a união vista na campanha já se fraturou. A aliança eleitoral de esquerda cumpriu seu papel na votação de domingo (19), mas daqui para a frente cada partido quer defender defender seu programa e se libertar da personalidade onipotente de Mélenchon.  

Como sair do impasse? 

A imprensa segue analisando a configuração do novo Parlamento, que obriga o governo a costurar alianças na votação de cada projeto de lei. Sem maioria na Casa, a tramitação das reformas planejadas pelo presidente deve se tornar lenta, incerta e politicamente custosa em concessões à oposição.

Em seu editorial, o jornal Libération afirma nesta terça-feira que a França se tornou "ingovernável". “Culpa dessa democracia diabólica, louvada quando se tem uma maioria confortável, mas preocupante quando o Parlamento reflete as diferentes correntes da vontade popular", assinala o diário.

“Em que uma França governável – maleável, obediente, submissa – poderia melhorar o cotidiano de seus cidadãos, uma vez que o próprio presidente provou várias vezes que não sabe mudar?”, continua o impiedoso editorial.

“Macron no impasse; a Nupes já dividida”, diz a manchete do diário conservador Le Figaro. Enquanto o presidente busca uma estratégia para governar o país, a esquerda radical recusa a tutela de Jean-Luc Mélenchon, explica o jornal conservador.

"A esquerda francesa, que conseguiu fazer um esforço coletivo e conquistar 149 cadeiras na Assembleia, já demonstra sinais de fratura. Socialistas, comunistas e ecologistas já avisaram que rejeitam continuar sob a égide de Mélenchon", destaca Le Figaro.

Extrema direita pode sair ganhando

Enquanto isso, os partidos de oposição de extrema direita esfregam as mãos. O Reunião Nacional de Marine Le Pen se apresenta forte, com seus inéditos 89 deputados. Uma conquista “inesperada”, mesmo entre os mais otimistas da legenda, nota Le Figaro. Os duelos do governo com a Nupes de Mélenchon “nos ajudaram muito, pois é uma esquerda caricatural”, analisa um deputado de extrema direita.

Há consenso entre analistas e a imprensa que os 61 deputados eleitos pelo partido de direita Os Republicanos (LR), dos ex-presidentes Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, figuram como o grupo que mais pode ganhar espaço no governo Macron, embora o líder da legenda rejeite um pacto formal com o governo. Por enquanto, essa formação de direita, que foi esvaziada por Macron, reivindica o papel de oposição”, recorda o diário Le Parisien.

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