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Candidatos pró-Macron chegam à frente no primeiro turno das legislativas entre residentes no exterior

Candidatos do partido do presidente Emmanuel Macron e seus aliados de centro-direita, reunidos na coligação Juntos (Ensemble), ficaram em primeiro lugar em oito das 11 circunscrições eleitorais de franceses que residem no exterior, no primeiro turno das legislativas. A aliança de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes) se classificou para o segundo turno em dez das 11 circunscrições, confirmando o sucesso da união dos progressistas como grande força de oposição a Macron. 

Cabines de votação utilizadas nas eleições francesas.
Cabines de votação utilizadas nas eleições francesas. © Raphaël GAILLARDE/Gamma-Rapho via Getty Images
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Por questões logísticas, no final de abril, os eleitores franceses que moram no exterior começaram a votar nas legislativas marcadas para 12 e 19 de junho. No último fim de semana, os inscritos que preferiam o voto presencial puderam se manifestar nas 11 circunscrições existentes no exterior. O pleito irá renovar a Assembleia Nacional francesa, composta por 577 deputados. 

A derrota do ex-primeiro-ministro Manuel Valls, que concorria pela coligação de Macron e foi eliminado por um candidato da aliança de esquerda, foi o fato marcante dessa primeira etapa de votação.

O ex-premiê socialista, que recentemente se alinhou a Macron, disputava um mandato de deputado pela circunscrição que representa os franceses residentes na Espanha, em Portugal, Andorra e Mônaco. Entretanto, Valls ficou em terceiro lugar. O vencedor da Nupes, Renaud Le Berre, irá disputar o segundo turno com Stéphane Vojetta, que era do partido governista, mas teve de ceder seu lugar para Valls por escolha de Macron, que quis agradecer o socialista por seu apoio na eleição presidencial. 

Valls anunciou no domingo (5) sua eliminação, o que representa um novo fracasso na trajetória singular do ex-primeiro-ministro francês, que disputou em 2019 a prefeitura de Barcelona. Ele nasceu na cidade catalã, mas foi criado em Paris.

"Aceito os resultados. Embora a dissidência e a divisão tenham semeado confusão, não posso ignorar o meu resultado e o fato de que a minha candidatura não convenceu", reconheceu Valls no Twitter. "De maneira lúcida, devo assumir as consequências (do resultado). A vida é bela o suficiente para saber virar a página com tranquilidade", acrescentou Valls na rede social. 

O ex-premiê, que militou por quase 40 anos no Partido Socialista, pediu o voto em Vojetta no segundo turno para evitar a vitória do candidato da Nupes, a aliança formada pela França Insubmissa (esquerda radical), socialistas, verdes e comunistas. Em seguida, Valls fechou sua conta no Twitter. 

Franceses residentes no Brasil 

Os franceses residentes no Brasil, que fazem parte da 2ª circunscrição América Latina e Caribe, deram vitória no primeiro turno para Eléonore Caroit, do partido presidencial. Ela disputará o segundo turno com o opositor de esquerda da Nupes, Christian Rodriguez.

Apesar do bom desempenho da aliança de esquerda, o segundo turno será mais difícil para os candidatos da Nupes, de acordo com analistas. A Nupes chegou em primeiro lugar em apenas uma circunscrição e a migração de votos dos derrotados parece ser mais favorável aos concorrentes da maioria presidencial.

Vitória provável de governistas em 12 e 19 de junho

Para o cientista político Luc Ruban, autor do livro Les raisons de la défiance (As razões da desconfiança), "é muito provável que este cenário de vitória dos candidatos da maioria governista se repita nas votações de 12 e 19 de junho". Em entrevista à RFI, o pesquisador prevê uma vitória apertada para os aliados de Macron, "o que provocará uma forte contestação – não no plano jurídico –, mas político, de legitimidade dos deputados eleitos". 

Questionado sobre as razões desse "mal-estar democrático francês", Ruban, que é pesquisador do Cevipof, o centro de pesquisas da Universidade Sciences Po, diz que "existe um sentimento compartilhado na sociedade de que os políticos vivem em um mundo à parte, diferente daquele dos trabalhadores, empresários e funcionários públicos". Esta defasagem é problemática, afirma Ruban, "por isso o presidente Macron insiste em nomear comissões que contem com a participação de cidadãos". 

A abstenção neste primeiro turno das legislativas no exterior foi elevada, mas houve maior mobilização do que na eleição de 2017. A participação ficou em torno de 30% dos inscritos, um a dois pontos percentuais acima da votação passada. Os dados definitivos da abstenção ainda não foram divulgados. 

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