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Manuscrito e aquarelas originais de "O Pequeno Príncipe" chegam pela primeira vez à França

Até então nos Estados Unidos, país onde Antoine de Saint-Exupéry escreveu "O Pequeno Príncipe", o manuscrito do conto mundialmente famoso é exibido pela primeira vez na França, no Museu de Artes Decorativas de Paris. Uma oportunidade para expor toda a imaginação e o universo do autor francês, criador de um dos heróis mais carismáticos do planeta. A exposição "Encontro com o Pequeno Príncipe", inaugurada nesta quinta-feira (17) em Paris, traz uma coleção de manuscritos do escritor e aviador.

Exemplar em inglês de "O Pequeno Príncipe" integra a exposição consagrada ao escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, no Museu de Artes Decorativas de Paris.
Exemplar em inglês de "O Pequeno Príncipe" integra a exposição consagrada ao escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, no Museu de Artes Decorativas de Paris. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN
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O conto foi escrito em 1942 nos Estados Unidos, em Nova York e Asharoken, um vilarejo à beira-mar em Long Island. Quando Saint-Exupéry deixou a América em abril de 1943 para lutar no norte da África, ele deu o manuscrito para sua amante, a jornalista Sylvia Hamilton. Ela então o vendeu para a Morgan Library & Museum em 1968.

Desse tesouro, a instituição nova-iorquina arrebatou as páginas mais importantes, inclusive as aquarelas originais que representam o asteroide do Pequeno Príncipe, a capa do livro, e o personagem com seu longo casaco de lapelas vermelhas.   

Um mergulho na poesia de Saint-Exupéry

O aviador, que desapareceu durante uma missão no mar Mediterrâneo em julho de 1944, não viu o sucesso global dessa história. Mas ele havia encontrado sua voz, seu estilo e até mesmo seu traço característico, depois de relutar em ilustrar ele próprio este livro, uma sugestão de seus editores.

Tanto que, no final do percurso, quando o livro só tem edições norte-americanas (em inglês e francês), "o personagem e o autor acabam se fundindo", explica a curadora da mostra no Museu de Artes Decorativas (MAD) de Paris, Anne Monier-Vanryb.

A exposição mostra toda a densidade da inspiração que conduzirá a esta obra-prima, desde a infância do escritor, como também uma carta à sua futura esposa, Consuelo, em 1930, na qual o autor evoca "uma criança que descobriu um tesouro" e "tornou-se melancólica", até os esboços em que o herói é refinado pela pluma de Saint-Exupéry.

"Saint-Ex", como é conhecido na França, fez escolhas drásticas para seu conto filosófico. Para alcançar a maior pureza possível, ele elimina cenas e personagens: um caracol, um caçador de borboletas, um encontro com um casal de velhos que o expulsa de casa.

"Há sempre mistério em torno deste trabalho. Basta pegar uma folha e você se depara com enigmas", sublinha o outro curador da exposição, Alban Cerisier.

Exílio infeliz

"Não paramos de fazer descobertas", acrescenta o especialista. Uma fundação suíça, por exemplo, emprestou ao MAD um manuscrito malsucedido, onde o narrador explica que não sabe desenhar um avião.

Saint-Exupéry o reelaborou extensivamente e, depois, narrou o acidente que o levou a cair no deserto da Líbia em 1935. Uma cabaça e um pedaço de avião lembram esse episódio. Na ficção, o Pequeno Príncipe aparece pedindo: "Por favor... me desenhe uma ovelha!".

Por trás da história luminosa deste menino que partiu para uma viagem interestelar mora uma história sombria, a de um exilado infeliz.

"Há um fundo doloroso, de desespero, em Saint-Exupéry, que não encontra seu lugar, não se sente reconhecido. Essa criança mimada tornou-se um adulto sentimental, infeliz por não poder viver uma vida estável, incapaz de criar laços", diz o acadêmico Alain Vircondelet.

O autor relata em "Um verão em Long Island", publicado em janeiro de 2022 na França pela editora L'Observatoire, o processo de escrita do famoso conto. Um "parêntese encantado" em uma vida de casal muito tumultuada, que começa com um encontro e um pedido de casamento a bordo de um avião, tudo em um mesmo dia de 1930, e termina com uma missão de reconhecimento fatal para o piloto de guerra.

(Com AFP)

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