Livro francês pretende provar a existência de Deus e bate recorde de vendas
Um livro que tenta provar a existência de Deus a partir do estado atual da ciência e, em particular, da observação do universo, tornou-se best-seller na França. O americano Robert Wilson, prêmio Nobel de Física, assina o prefácio do projeto que teoriza o "Criador Supremo".
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Com 600 páginas, "Dieu, la science, les preuves" ("Deus, a ciência, as provas", em tradução livre), visa explicar "de forma acessível" como as descobertas astronômicas do século 20 voltaram a evidenciar a existência de uma inteligência suprema, que tudo orquestra. O livro vendeu mais de 100 mil cópias em apenas três meses e surpreendeu a editora Trédaniel, especialista em publicações sobre espiritualidade e bem-estar.
O perfil dos autores, Olivier Bonnassies e Michel-Yves Bolloré, também surpreende. Se o primeiro é consultor e empresário com graduação em Teologia, o segundo é um engenheiro, irmão de Vincent Bolloré, um poderoso bilionário francês. Ambos defendem que o projeto, fruto de três anos de pesquisas é "um livro que não existia até agora".
A principal tese dos autores é que, por quase quatro séculos, com o surgimento de Galileu, depois Newton e Darwin, "a ciência demonstrou que não era necessário um 'Criador' para explicar o universo. A ponto de o materialismo triunfar no início do século XX".
Porém, a sociedade vive agora um grande movimento "pendular", com a descoberta do Big Bang, a expansão do universo e sua morte térmica. E essas teorias, segundo Bolloré, acabaram questionando o princípio de um universo imutável, já que estabelecem "um começo e um fim".
Os autores concluem, em seguida, que a origem do universo e da aparição da vida na Terra poderia se explicar apenas pela existência “um grande relojoeiro”: o "Criador Supremo".
"Nós defendemos que hoje existe um corpo de evidências que tende a mostrar que a tese de um Deus criador é a correta, versus a tese, que não se sustenta mais, de um universo puramente material", martela Michel-Yves Bolloré.
A segunda parte do livro é dedicada às provas tradicionais das religiões monoteístas: a Bíblia, a noção do povo eleito dos judeus, e milagres como o de Fátima.
Cientistas céticos
Os cientistas, no entanto, são céticos em relação ao livro. "É a noção de prova que causa controvérsia", admite Thierry Magnin, físico e padre. "Temos o direito de pensar que existe um 'grande relojoeiro', mas não temos o direito de dizer que isso é em si uma 'prova'", disse. "Articular ciência e religião não é o mesmo que confundi-las."
"Afirmar que a existência de Deus pode ser comprovada cientificamente é ser um tanto ingênuo", acrescenta o filósofo da ciência Etienne Klein, no semanário L'Express.
Na opinião do teólogo e físico François Euvé, o sucesso do livro está ligado ao fato que ele responde a "uma necessidade de pontos de referência, num período de muitas dúvidas sobre o futuro do mundo". Para ele, não cabe à ciência responder a essa necessidade de certeza.
(Com informações da AFP)
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