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Macron não se arrepende de ter ameaçado “encher o saco” dos não vacinados

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta sexta-feira (7), que assume as declarações polêmicas que fez esta semana sobre as pessoas não vacinadas contra a Covid-19. O chefe de Estado, que havia dito que pretendia “encher o saco” de quem não se imunizasse, voltou a chamar as pessoas reticentes à vacinação de "irresponsáveis".

Emmanuel Macron disse durante coletiva de imprensa que assume 'completamente' suas declarações polêmicas sobre não vacinados
Emmanuel Macron disse durante coletiva de imprensa que assume 'completamente' suas declarações polêmicas sobre não vacinados Michel Euler Pool/AFP
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"Todas as pessoas com quem eu falei estão indignadas contra os que não querem se vacinar. Há profissionais de saúde que acham que os não vacinados não devem receber cuidados médicos quando chegam na emergência com Covid”, disse Macron em uma entrevista coletiva ao lado da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após um evento sobre a presidência francesa da União Europeia (UE).

"Alguns podem ficar impressionados por uma maneira de falar que parece coloquial e que assumo completamente. O que me impressiona é a situação [sanitária] em que estamos. A verdadeira fratura do país é esta: alguns criam slogans alegando liberdade e isso acaba se transformando em irresponsabilidade", completou o presidente.

O presidente francês afirmou, em uma entrevista publicada na terça-feira (4) pelo jornal Le Parisien Aujourd’hui em France, que deseja "irritar até o fim" as pessoas não vacinadas. O tom provocou críticas de toda oposição, da esquerda radical à extrema-direita. O presidente, que ainda não confirmou sua candidatura à reeleição, usou em francês o verbo "emmerder": uma gíria coloquial incomum para um chefe de Estado e que pode ser traduzida como "encher o saco", "incomodar", "irritar", ou "complicar a vida". As eleições presidenciais francesas acontecem em abril.

Os não vacinados "não apenas colocam em perigo a vida dos outros, como também limitam a liberdade dos demais, e isso não posso aceitar", destacou Macron nesta sexta-feira, reiterando que sua estratégia para sair da crise sanitária se resume principalmente a "vacinar, vacinar e vacinar".

Para os analistas políticos, com esta polêmica Macron tentou chamar a atenção dos defensores da vacinação e impor o tema da pandemia de Covid-19 na pré-campanha eleitoral, protagonizada pelas questões tradicionalmente usadas pelas direita, como a luta contra a imigração e a falta segurança.

A candidata da extrema direita Marine Le Pen durante um comício em Mamoudzou, em Maiote, em dezembro de 2021.
A candidata da extrema direita Marine Le Pen durante um comício em Mamoudzou, em Maiote, em dezembro de 2021. AFP - ALI AL-DAHER

Para Le Pen, Macron é um "incendiário"

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, que já havia criticado as declarações de Macron, voltou a reagir. “Ter um incendiário explodindo o debate com palavras tão violentas não me parece ser a forma de melhorar a solução para sair da crise de sanitária”, disse Le Pen, que também é candidata à presidência e aparece nas pesquisas como possível rival de Macron no segundo turno.

“Quando nos deparamos com uma crise, seja ela qual for, o que devemos buscar é a unidade do país. É na unidade do país que resolvemos as crises (...) e não na divisão”, acrescentou. “Emmanuel Macron está usando a crise de saúde para entrar na campanha? A resposta é sim. É útil? A resposta é não. É eficaz? A resposta é não", concluiu Marine Le Pen.

(Com informações da AFP)

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