Estratégia da França de "renunciar a controlar ômicron" é arriscada, diz jornal
A imprensa francesa desta sexta-feira (7) destaca as consequências da estratégia do governo da França contra a variante ômicron e analisa quem são os franceses ainda não vacinados.
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O Libération analisa a estratégia do governo francês para enfrentar a nova variante. Como os britânicos, a França "renunciou a controlar a difusão do vírus em sua última mutação". Para especialistas entrevistados, a estratégia de buscar uma imunidade coletiva é arriscada.
Uma das consequências da estratégia é sentida nas escolas. O jornal Le Parisien pergunta em sua manchete: "A ômicron vai fazer a escola quebrar?". Com mais de 47 mil casos positivos e 9.200 classes fechadas, diretores e pais de alunos alertam sobre a difícil situação das instituições no começo deste ano com a nova onda de Covid-19 causada pela variante.
Alvo de críticas de sindicatos e associações de pais, o protocolo do governo francês para conter as contaminações na escola tem como foco a realização de três testes por aluno, para cada vez que um novo caso for encontrado.
Mas já na primeira semana de aplicação, revelou-se complexo e foi abrandado na noite de quinta-feira (6). A partir de agora, a validade dos resultados dos testes é de sete dias, ainda que um caso novo seja detectado neste período.
Diretores de escolas entrevistados pelo jornal aprovam o método como maneira de lutar contra a ômicron, mas lamentam que o ritmo de contaminações geradas pela variante impossibilite sua aplicação.
A obrigatoriedade de testes poderia levar os pais a mentirem sobre o estado de saúde dos filhos, diz um dos diretores entrevistados. Responsáveis de escolas também apontam o problema da falta de autotestes disponíveis nas farmácias.
Precariedade e exclusão
O jornal Le Figaro se interessa pelos franceses que se recusam a tomar a vacina. Apesar das numerosas restrições impostas pelo governo francês, eles são ainda 4 milhões nessa situação.
Com base em diferentes estudos, o jornal traça um perfil dessa população. Segundo pesquisas citadas na reportagem, os antivax "puros" representam apenas 2% dos não vacinados. Eles seriam, em sua maioria, mulheres, jovens, próximos de partidos de extrema direita e de esquerda radical, ou sem tendência política clara.
Além de questões ideológicas e do sentimento de rejeição ao governo, o jornal aponta outros fatores como precariedade e problemas de integração, como no caso de imigrantes. O sociólogo Jeremy Ward, que realizou um pesquisa sobre o tema, entrevistado pelo jornal, diz que questões "de recursos e acesso a tratamentos são determinantes".
O jornal também questiona a real participação dos não vacinados na circulação da ômicron. Para especialistas, visto o número de casos, que ultrapassou os 300 mil na França esta semana, a responsabilidade não é unicamente dos não vacinados, já que mais de 75% da população do país está imunizada.
Vários estudos mostram a queda da eficácia da vacina diante da variante. Mas, de acordo com o jornal, a imunização continua sendo o melhor antídoto contra as formas graves da Covid-19: 80% das pessoas internadas em UTIS na França não foram vacinadas.
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