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França: vacina é "gesto de solidariedade", diz responsável pela estratégia de imunização

Para o presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal na França, Alain Fischer, a vacina protege mas também é "um ato de solidariedade" em relação às pessoas mais vulneráveis. Cerca de 9% da população francesa ainda não está imunizada - o equivalente a cerca de 6 milhões de pessoas. Essa parcela não imunizada é motivo de preocupação com a chegada da variante ômicron. 

Vacinar é ato de solidariedade, lembra o imunologista francês Alain Fischer, presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal na França
Vacinar é ato de solidariedade, lembra o imunologista francês Alain Fischer, presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal na França AP - Thibault Camus
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A epidemia de Covid-19 na França acelera de maneira preocupante, com cerca de 50.000 casos detectados diariamente. A variante delta ainda é predominante, mas a rápida propagação da cepa ômicron no país, mais contagiosa, pode complicar ainda mais a situação. A França aposta na terceira dose de reforço para controlar parcialmente a circulação do vírus, mas descarta medidas mais restritivas. Este já é o caso em muitos países europeus, como a Alemanha.

"Não conseguiremos deter esse avanço. É preciso tentar controlá-lo para que o hospital suporte a pressão", disse Alain Fischer em entrevista à rádio francesa France Inter. "Os pacientes internados nas UTIs não são vacinados, não tiveram sua dose de reforço ou são frágeis ou imunodeprimidas e não reagem como deveriam à vacinação", declarou. Cerca de 3.000 pessoas estão atualmente hospitalizadas nas unidades de terapia intensiva dos hospitais franceses.

De acordo com o imunologista, 350 mil pessoas na França estão em situação de risco. Elas têm um câncer, sofreram um transplante ou passam por diálise. "Nesse caso, o risco de ter uma forma grave da doença é bem mais elevado", lembrou Fischer, conhecido na França como monsieur vaccin.  "A segurança delas depende dos outros", continuou, pedindo "mais solidariedade entre cidadãos de um mesmo país." 

O governo francês busca incitar ainda mais a imunização e pretende transformar o passaporte sanitário em um passaporte da vacina. A expectativa é que o projeto de lei seja adotado até o final de janeiro. A decisão restringirá o acesso a bares, restaurantes, cinemas, museus, clubes esportivos e outros centros de lazer apenas aos franceses vacinados com três doses ou curados de uma infecção. 

O imunologista Alain Fischer, presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal na França
O imunologista Alain Fischer, presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal na França © AFP/Joël Saget

Passaporte sanitário no trabalho?

O embarque em trens ou outros meios de transporte ainda será avaliado, mas o Executivo é favorável a restrições. Outra pista é exigir a vacinação nas empresas. A ministra do Trabalho francesa, Élisabeth Borne, se reuniu com sindicatos e patronato nesta segunda-feira (20) para avaliar a questão.

De acordo com dados da Agência Francesa de Saúde Pública, 52,5 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina na França, o equivalente a 78% da população total. Outra medida do governo para aumentar essa porcentagem será a abertura da vacinação dos 5 aos 11 anos, que já teve início para crianças com comorbidades, mas pode ser autorizada para todos os menores a partir de quarta-feira (22).

Vacina para todas as crianças entre 5 e 11 anos deve pode ser autorizada nesta semana na França
Vacina para todas as crianças entre 5 e 11 anos deve pode ser autorizada nesta semana na França AP - Nam Y. Huh

"Estamos aguardando os resultados dos estudos nos Estados Unidos, que permitirão assegurar que a vacina não tem efeitos colaterais inaceitáveis para as crianças", disse Fischer. Com a chegada da ômicron, a Pfizer analisa a possibilidade de aplicar três doses nessa faixa etária.

"Não estou preocupado, mas é preciso ter essa informação em mãos antes da autorização", disse. De acordo com ele, a vacina previne formas graves, que ocorrem mesmo em menores sem antecedentes, e também evitará o fechamento de classes e estabelecimentos escolares, diminuindo a circulação do vírus. 

Nesta segunda-feira (20), em entrevista ao jornal francês Le Monde, Ugur Sahin presidente da BioNTech, a empresa que produziu a vacina a base de RNA mensageiro com a Pfizer, lembrou que os dados preliminares indicam que, com as três doses, o imunizante protege a 75% contra formas sintomáticas de todas as variantes. Essa porcentagem é provavelmente maior para prevenir formas graves. A transmissão, entretanto, continua sendo possível. Ele alerta para a necessidade de medidas restritivas, principalmente no inverno, associadas à vacinação, para controlar o "tsunami" da ômicron.

Governo avalia possibilidade de restringir o acesso a trens apenas para vacinados
Governo avalia possibilidade de restringir o acesso a trens apenas para vacinados AFP - BERTRAND LANGLOIS

Israel proíbe viagens para países da lista "vermelha"

O governo israelense proibiu neste domingo (19) que seus cidadãos viajem para países europeus citados na "lista vermelha" criada pelo país com o objetivo de tentar evitar a disseminação da variante ômicron. As restrições de viagens ao exterior, que já incluíam a maioria dos países africanos, além do Reino Unido e da Dinamarca, agora também se aplicam à Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Noruega, Suécia e aos Emirados Árabes Unidos.

E nesta segunda-feira, os Estados Unidos foram adicionados à lista por recomendação do Ministério da Saúde de Israel. A medida, que entrará em vigor na terça-feira (21), vale também para Alemanha, Bélgica, Hungria, Itália, Marrocos, Portugal, Suíça e Turquia.

(RFI e AFP)

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