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Ex-presidente François Hollande testemunha no julgamento dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris

O ex-presidente da França François Hollande sentou-se no banco das testemunhas, nesta quarta-feira (10), no julgamento dos ataques de 13 de novembro em Paris. Ele foi citado por uma associação de vítimas.

François Hollande era o presidente da França à época dos ataques de 13 de novembro de 2015.
François Hollande era o presidente da França à época dos ataques de 13 de novembro de 2015. BERTRAND GUAY AFP
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"Estou diante deste tribunal para testemunhar qual foi a minha função como chefe de Estado naquela noite fatídica, de 13 de novembro de 2015, e para relatar quais foram as minhas decisões nos meses que antecederam e nos meses que se seguiram," disse Hollande.

O ex-chefe de Estado prometeu "responder a todas as perguntas" das partes civis e garantiu que pretendia "justificar a ação da França" contra a organização terrorista Estado Islâmico (EI).

“Este grupo nos atingiu não pelo nosso modo de atuação no estrangeiro, mas sim pelo nosso modo de vida aqui”, sublinhou François Hollande. “A democracia será sempre mais forte do que barbárie", acrescentou.

Após sua declaração espontânea, François Hollande passou a responder a perguntas do tribunal e de todas as partes envolvidas.

Mais cedo, o Tribunal Especial de Paris havia suspendido a audiência por quase uma hora e meia, para deliberar sobre os pedidos de vários advogados de defesa, que se opuseram às audiências de François Hollande e de pesquisadores e acadêmicos. E então decidiu rejeitar esses pedidos.

"Queremos apenas que seja um julgamento, só isso", não "uma cerimônia comemorativa nem uma tribuna, muito menos um show", disse Martin Méchin, o advogado de um dos acusados.

“Não vemos problema em (François Hollande) ser citado”, reagiu, por sua vez, um dos advogados do principal réu, Salah Abdeslam, Martin Vettes.

Política externa da França

Desde a abertura do processo, em 8 de setembro, o nome de François Hollande foi ouvido várias vezes no tribunal. Salah Abdeslam, o único sobrevivente do comando jihadista que matou 130 pessoas em Paris e Saint-Denis, justificou os ataques de 13 de novembro apresentando-os como uma resposta à política externa da França e de seu então presidente.

"François Hollande sabia dos riscos que corria ao atacar o Estado Islâmico na Síria", disse o réu, no sexto dia do julgamento. O francês, de 32 anos, também afirmou que não havia "nada pessoal" em "alvejar a França" e "civis" no dia 13 de novembro.

Ao fim de cinco semanas de audiências com as vítimas, o nome de François Hollande voltou a ser pronunciado, desta vez pelos jihadistas que atacaram o Bataclan: um gravador deixado no auditório capturou todo o atentado e, em particular, as reivindicações dos agressores. “Só pode culpar o seu presidente François Hollande”, ouve-se várias vezes, entre dois tiros, no trecho de alguns minutos desta gravação de áudio que o tribunal transmitiu, no dia 28 de outubro.

Papel da França

Muitos depoimentos ouvidos no tribunal destacam a necessidade de se obter respostas das autoridades, em particular sobre a incapacidade de se impedir um ataque em grande escala na França. Sobreviventes dos ataques e parentes das vítimas questionaram as consequências da política da França no Oriente Médio.

"Conheço essas controvérsias, elas também fazem parte do jogo democrático e é inteiramente direito das famílias das vítimas exigir a prestação de contas", disse François Hollande à AFP, antes do início do julgamento. Um de seus desafios é "que as respostas sejam fornecidas".

"Durante aquela noite, as decisões que foram tomadas, eu as assumo plenamente, foram adequadas", acrescentou o ex-chefe de Estado, refutando qualquer "falha" do governo francês.

Na noite de 13 de novembro de 2015, François Hollande compareceu ao jogo amistoso entre a França e a Alemanha no Estádio de France, quando um primeiro "homem-bomba" se explodiu na frente da arena esportiva, forçando o chefe de Estado a deixar as instalações.

Antes mesmo da deflagração do ataque no Bataclan, onde jihadistas cometeram um massacre e fizeram espectadores reféns, François Hollande falou aos franceses pela televisão e descreveu a situação: "É um horror". Durante a noite, ele declarou estado de emergência em todo o país.

 (Com informações da AFP)

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