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Manuscrito de 'Os 120 Dias de Sodoma' do Marquês de Sade é adquirido pelo governo francês

O manuscrito mais importante do Marquês de Sade, "Os 120 Dias de Sodoma", foi adquirido pelo Estado francês para a Biblioteca Nacional da França, anunciou o Ministério da Cultura nesta sexta-feira (9).

Esta foto de arquivo mostra o manuscrito original de "Os 120 dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem", um romance escandaloso e pornográfico escrito pelo escritor francês Marquês de Sade enquanto estave preso na prisão da Bastilha.
Esta foto de arquivo mostra o manuscrito original de "Os 120 dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem", um romance escandaloso e pornográfico escrito pelo escritor francês Marquês de Sade enquanto estave preso na prisão da Bastilha. AP - Thibault Camus
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O Estado francês havia lançado em fevereiro deste ano um concurso de patrocínios corporativos para esta aquisição no valor de € 4,55 milhões. “Verdadeiro monumento, texto capital da crítica e da imaginação, manuscrito sulfuroso e que se tornou um clássico, ele marcou profundamente muitos autores”, sublinhou o Ministério da Cultura da França, em nota oficial.

O próprio texto é um objeto fora do comum. Foi na prisão da Bastilha de Paris, em 1785, que Sade recopiou este longo romance inacabado, na forma de um "rolo surpreendente de 12 metros de comprimento composto por 33 folhas coladas ponta a ponta, com uma largura de 11,3 cm”, lembrou o ministério. Sade, que morreu em 1814, acreditava que sua obra mais importante havia sido perdida no saque ou na demolição da Bastilha, no verão de 1789, no calor da Revolução Francesa.

Périplo

Imagem do manuscrito de '120 dias de Sodoma', do Marquês de Sade.
Imagem do manuscrito de '120 dias de Sodoma', do Marquês de Sade. Martin Bureau AFP/Archivos

O manuscrito reapareceu quando um psiquiatra alemão, Iwan Bloch, o adquiriu e permitiu que o romance fosse publicado pela primeira vez, em 1904. Comprado pelo colecionador Charles de Noailles, em 1929, foi roubado por uma editora que o vendeu em 1982 a outro colecionador, Gérard Nordmann. Em 2014, passou a ser propriedade do empresário Gérard Lhéritier, que fundou a empresa Aristophil, alvo de uma investigação por fraude na França.

O governo francês aproveitou a liquidação da empresa para classificá-lo como “tesouro nacional”, em 2017. “Este manuscrito será apresentado em uma conferência, em 2022, reunindo especialistas e intelectuais, com o objetivo de questionar a figura de Sade, a recepção de sua obra ao longo dos séculos e sua leitura hoje ”, disse o ministério. O texto fará parte da biblioteca do Arsenal em Paris, um local que abriga uma notável coleção de obras do século XVIII.

Outros “tesouros nacionais”, como os manuscritos do poeta surrealista André Breton, "Poisson soluble", "Manifeste du surréalisme" e "Second manifeste du surréalisme", foram também adquiridos pelo Estado francês.

(Com AFP e Le Figaro)

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