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Covid-19: governo francês quer reduzir isolamento de casos e contatos para uma semana

A medida foi proposta pelo governo e será avaliada pelo Conselho Científico. Ela provoca polêmica entre os especialistas, diante do aumento da circulação do vírus no país.

Fila para realizar testes da Covid-19 em Paris
Fila para realizar testes da Covid-19 em Paris REUTERS - BENOIT TESSIER
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Em entrevista à RFI, a epidemiologista Catherine Hills, do instituto Gustave Roussy, declarou que, sem controle da propagação do SARS-Cov-2, as unidades de terapia intensiva do país podem ficar novamente saturadas, como foi o caso na primeira onda, em março, que levou ao confinamento.

Em Marselha, os hospitais alertam para um aumento preocupante: em uma semana, o número de pacientes internados nas UTIs dobrou. Hervé Chambost, diretor de crise do hospital universitário de Marselha, publicou uma mensagem no Twitter para alertar que pessoas com outras patologias estavam internadas porque desenvolveram formas graves da doença.

A França registrou nas últimas 24 horas mais de 7.000 casos da Covid-19, e a taxa de testes positivos é atualmente de 4%. Além disso, 28 regiões são consideradas como zonas de circulação ativa do vírus – mais de 50 casos por 100 mil habitantes.

Para a epidemiologista francesa Catherine Hills, diminuir os 14 dias de isolamento para contaminados e pessoas com quem elas tiveram contato é perigoso. “As pessoas, ou seus contatos, ainda podem transmitir a doença após esse prazo”, salienta. Segundo ela, para bloquear a epidemia, é necessário acompanhar os contatos de um caso positivo.

Para ela, a obrigatoriedade do uso da máscara nas ruas é apenas uma medida paliativa. “É útil, mas a solução é detectar os pacientes contagiosos para impedir que propaguem a doença. A máscara diminui o risco da contaminação, mas não controla o vírus”, diz.

A especialista também lembra que “existe uma confusão total entre o teste diagnóstico, para saber se um paciente sintomático tem a Covid-19 e o teste de detecção do vírus, que pode ser feito em qualquer um, e mostra se o indivíduo pode transmiti-lo. “Nesse caso, não precisamos de um teste extremamente sensível. O teste de saliva é perfeito para isso”, salienta.

Testes

O governo francês, diz, precisa rever sua estratégia na luta contra o vírus. “Existe na realidade uma falta de estratégia”, ironiza. “Incitar a população a fazer o teste, dizendo que é gratuito, sem organizar essa campanha e  assegurar que ela aconteça de forma razoável, é catastrófico”, afirma a especialista. “O resultado é que fazemos muitos testes, não necessariamente nas boas pessoas, que têm acesso ao resultado com muito atraso, que, depois de 48 horas, é inútil”, ressalta.

Segundo ela, essa é a situação atual na França. “Estamos gastando o dinheiro da República”, critica. “No total, o país gasta cerca de € 250 milhões por mês em testes que são, em grande parte, inúteis. Isso é muito grave”, reitera. De acordo com ela, “é preciso testar mais, melhor, testar, se possível, em grupo e utilizando testes de saliva ou testes caseiros”. Para a epidemiologista, esse tipo de teste não detecta cargas virais muito baixas, mas nesse caso, o doente não é contagioso. “Nesse caso, saber se ele tem ou não o vírus não tem nenhuma importância”, afirma.

Em relação às medidas de proteção, ela considera que, de uma forma geral, as pessoas são sensatas. “A população aceitou uma situação inaceitável, que foi ficar trancada, sair com máscaras feitas em casa e apenas com permissão. Em geral, considero as pessoas relativamente sérias na aplicação das medidas. ”

 

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