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Criticada por Macron e outros líderes mundiais, China eleva saldo de mortos por Covid-19

O presidente francês Emmanuel Macron acabou fazendo coro nessa quinta-feira (16) às críticas contra a transparência da China na crise da Covid-19. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, ele afirmou que há "aspectos desconhecidos" na gestão da epidemia de Covid-19 por Pequim. Consequência ou não das suspeitas, as autoridades chinesas revisaram seu balanço de vítimas e anunciaram nesta sexta-feira (17) 1.290 mortes adicionais na cidade de Wuhan, berço do novo coronavírus.

Em entrevista ao Financial Times, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que há "aspectos desconhecidos" na gestão da epidemia de coronavírus na China.
Em entrevista ao Financial Times, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que há "aspectos desconhecidos" na gestão da epidemia de coronavírus na China. REUTERS - GONZALO FUENTES
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Com a declaração ao Financial Times, o presidente francês quer mostrar que não é  “ingênuo” diante das afirmações de Pequim. Na entrevista, ele reitera as exigências de Washington e Londres por explicações sobre a origem e o desenvolvimento da pandemia na China.

O governo chinês reagiu à entrevista de Macron, afirmando que é "inútil" argumentar sobre vantagens e inconvenientes de cada governo e pedindo união dos países para vencer a pandemia. Já o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, agradeceu a liderança do presidente francês na resposta internacional à doença.

Críticas britânicas e americanas

Antes de Macron, o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, havia advertido que a China deverá responder a “perguntas difíceis sobre o aparecimento do vírus e sobre porque ele não pôde ser detido antes". A suspeita, divulgada por Pequim, é que o novo coronavírus surgiu em um mercado de animais selvagens de Wuhan. De origem animal e próximo geneticamente de um vírus encontrado em morcegos, ele teria sofrido uma mutação e transmitido ao homem.

A mídia americana lançou outra pista. Segundo o Washington Post, a embaixada dos Estados Unidos em Pequim alertou há dois anos Washington sobre a insegurança em um laboratório local que fazia pesquisas sobre os coronavírus de morcegos. Fox News afirma que o vírus atual partiu “involuntariamente” desse laboratório, em consequência das falhas nos protocolos de segurança. As acusações foram descartadas pela diplomacia chinesa. Segundo um porta-voz do ministério das Relações Exteriores do país, “especialistas mundialmente reconhecidos dizem que a hipótese de uma ‘fuga’ não tem nenhuma base científica”.

Por outro lado, o governo Trump acusa Pequim de ter dissimulado a gravidade da epidemia. Na terça-feira (14), o presidente americano suspendeu a contribuição financeira dos Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde. A OMS teria, segundo Washington, se alinhado às posições chinesas e tardado a dar o alerta global sobre a ameaça.

Novo balanço chinês

Os balanços oficiais chineses de contágios e mortes provocadas pela Covid-19 provocam há várias semanas diversas suspeitas. A China havia anunciado até o momento 3.342 mortes e mais de 82.000 contágios em um país de quase 1,4 bilhão de habitantes. Mas, nesta sexta-feira, surpreendeu o mundo ao elevar em 50% o balanço de mortes provocadas pelo novo coronavírus em Wuhan. Com os novos números, o balanço total de vítimas fatais no país subiu para 4.632 mortes.

Em um comunicado publicado nas redes sociais, a cidade chinesa de 11 milhões de habitantes explica a revisão tardia do número de mortos. No pico da epidemia, alguns pacientes morreram em casa porque não tinham condições de ser atendidos em hospitais e não foram contabilizados, aponta o texto.

O governo chinês negou nesta sexta-feira ter ocultado os números do balanço da Covid-19. O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, reconheceu "atrasos, omissões e imprecisões" nos registros de mortes no início da epidemia, em consequência da saturação dos hospitais, mas garantiu que não houve “dissimulações e que elas não serão autorizadas”. "A resposta da China à epidemia é irrepreensível", completou.

Balanço mundial

Desde que surgiu em dezembro de 2019, a pandemia já matou 141.127 pessoas e infectou 2,1 milhões em todo o mundo. Os Estados Unidos e a Europa continuam na liderança do número de óbitos. Segundo a Universidade John Hopkins, nas últimas 24 horas, 4.491 mortos foram registrados nos Estados Unidos que contabilizam mais de 33 mil vítimas fatais.

Na quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, anunciou um plano para a reabertura do país em três etapas, mas sem definir uma data. O objetivo é tentar diminuir o impacto do confinamento na economia americana.

 

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