França usa quartos de hotéis e amplia albergues para proteger população sem teto do coronavírus
Enquanto toma medidas de isolamento social para reduzir a rapidez do contágio do coronavírus, o governo francês usa 9.000 quartos de hotéis e transforma prédios públicos em albergues para a população de rua do país.
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Após decretar o confinamento nacional, em 17 de março, o governo francês encaminhou pedidos de quartos de hotéis para a grande rede hoteleira do país e pediu que os governantes de cada cidade disponibilizassem prédios públicos para serem transformados em abrigos para a população de rua.
O esforço federal ampliou em 17 mil lugares a capacidade de abrigo para a população mais vulnerável, somando 174 mil vagas. O total, no entanto, não é suficiente para atender os cerca de 200 mil moradores de rua da França, segundo estimativas de associações que ajudam esta população.
Ginásios, hotéis e campings para os sem-teto
A cidade de Cannes, que não terá este ano sua famosa mostra internacional de cinema, transformou o palácio que recebe o Festival de Cannes para hospedar 80 moradores de rua.
Em Paris, seis ginásios esportivos foram abertos para acolher os sem-teto. Outros oito ginásios foram colocados à disposição de associações dedicadas à acolhida desse público e refugiados.
Na capital, os quartos de hotéis disponibilizados são prioritários para famílias com crianças, de acordo com a prefeitura de Paris. No balanço do ministério, a capital tem pouco mais de 800 quartos para a população de rua. Diversas prefeituras do interior aderiram à iniciativa abrindo seus campings municipais.
Com a mobilização de voluntários e um orçamento de 65 milhões de euros, o Ministério da Habitação ampliou a capacidade nacional de abrigo de 157 mil lugares para 174 mil e abriu 86 locais especializados para confinar moradores de rua vítimas do coronavírus que não precisam ser hospitalizados.
Não é o suficiente
As associações de direitos humanos, no entanto, dizem que o número de abrigos e a ajuda com cheques para alimentação de 7 euros por dia, para 60 mil pessoas, são insuficientes para atender essa população atingida por grandes vulnerabilidades.
Pelas ruas de Paris e de outras grandes cidades francesas, os sem-teto são os poucos que seguem nas ruas e praças durante o confinamento nacional.
“Os invisíveis nunca foram tão visíveis», afirmou o fundador da associação LHA, de atendimento à população de rua em Lille (norte). Um membro da LHA disse ao jornal 20 Minutes que as ruas continuam cheias de sem-teto sem nenhuma proteção.
A França já identificou mais de 93 mil pessoas contaminadas pelo coronavírus. Entre hospitais e casas de repouso para idosos, o país registrava até a noite de sábado (11) 13.832 mortes em decorrência da epidemia.
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