Hospital de Marselha já trata com cloroquina doentes da Covid-19
O Hospital Universitário de Marselha, especializado em doenças infecciosas, já está tratando doentes do coronavírus com um coquetel de cloroquina associada ao antibiótico azitromicina, de eficácia comprovada contra pneumonias. A equipe não esperou o resultado de um estudo clínico europeu, lançado para comprovar a eficácia do remédio antimalárico e outros tratamentos experimentais contra o coronavírus.
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O amplo estudo clínico, envolvendo 3.200 voluntários em sete países europeus, testa quatro tratamentos experimentais contra o coronavírus, entre eles a cloroquina. O estudo pode confirmar a eficácia do genérico contra a malária, que deu resultados positivos em um experimento preliminar realizado pelo professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha.
“A cloroquina é a arma mais eficaz contra o coronavírus”, afirma sem hesitar o infectologista francês, que integra o Conselho Científico criado pelo presidente Emmanuel Macron para orientar o governo no combate à epidemia.
Mas nem todos os médicos têm o mesmo entusiasmo. Vários especialistas pedem prudência enquanto os resultados das pesquisas mais aprofundadas e amplas não forem divulgados. Eles alertam sobretudo para os efeitos colaterais do remédio, principalmente em casos de uso excessivo.
Pressão da opinião pública
O doutor Raoult e colegas de sua equipe, que já começaram a usar o tratamento, se defendem das críticas, lembrando que os chineses também testaram o antimalárico com sucesso em pacientes do coronavírus.
Para os infectologistas do hospital de Marselha, os efeitos colaterais das duas moléculas são amplamente conhecidos e podem, portanto, ter a conveniência avaliada pelos médicos caso a caso.
O estudo do infectologista francês já convenceu o presidente americano. Donald Trump aprovou na quinta-feira (19) o uso da cloroquina nos Estados Unidos, depois dos resultados preliminares “encorajadores”.
Segundo o Dr. Raoult, Trump tomou a decisão baseado no experimento francês. “Gostaria que meu país fizesse o mesmo”, pediu o professor que mediatiza com frequência seus feitos, mas nega qualquer objetivo político em sua ação.
Diante da pressão da opinião pública para que a França comece a utilizar imediatamente a cloroquina, o ministro da Saúde Olivier Véran pediu paciência.
Ele disse que em 15 dias os resultados do estudo iniciado agora serão conhecidos e que se sua eficácia for comprovada, o tratamento será proposto aos doentes.
O laboratório francês Sanofi já anunciou que pode disponibilizar imediatamente milhões de doses do remédio antimalária que poderiam tratar potencialmente 300 mil casos de doentes com o novo coronavírus.
As autoridades alertam a população para o risco de automedicação. Casos de intoxicação já foram registrados na Nigéria.
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