Acessar o conteúdo principal
França/Terrorismo

“Estado francês incapaz de prevenir radicalização de funcionários públicos”, diz Le Figaro

Le Figaro desta terça-feira (4) estampa em sua primeira página a “impotência do Estado francês em prevenir a radicalização de seus policiais e agentes de segurança”. O jornal conservador publica uma reportagem sobre o tema e destaca que o funcionalismo público francês é incapaz de resolver essa questão.

Capa do jornal francês Le Figaro desta terça-feira, 4 de fevereiro de 2020.
Capa do jornal francês Le Figaro desta terça-feira, 4 de fevereiro de 2020. DR
Publicidade

O diário aborda o assunto na expectativa dos primeiros resultados da comissão parlamentar de inquérito, criada após o atentado na Secretaria de Segurança Pública de Paris. O ataque foi cometido em 3 de outubro do ano passado por um funcionário público e deixou quatro policiais mortos.

“Parece que nada mudou na luta contra o islamismo radical”, desde o ato de Mickael Harpon contra seus colegas. O atentado chocou país, lembra o texto. Apesar de sua radicalização, o funcionário continuou trabalhando no serviço de inteligência nacional.

Le Figaro afirma que mesmo antes deste drama, um grupo de trabalho denunciava a radicalização crescente de pessoas que agem no interior da máquina administrativa: policiais, agentes penitenciários, mas também educadores esportivos, condutores de trem ou funcionários de aeroportos. A empresa que administra os aeroportos de Paris admite que atualmente tem 80 trabalhadores radicalizados com acesso a zonas de segurança reforçada.

Radicalização atinge todos os setores

Nenhum setor fica de fora e diante da incapacidade do Estado, o jornal pede, em seu editorial dedicado ao tema, a “recuperação do tempo perdido”. O texto apoia uma proposta de parlamentares conservadores. “Espontaneamente, os cidadãos têm razão de se indignar, mas o direito nem sempre segue a razão. O islamismo radical não é considerado uma infração grave e os tribunais não podem agir mesmo diante de provas flagrantes”, contrapõe o editorialista.

Desde o atentado na Secretaria de Segurança de Paris, os serviços de inteligência multiplicaram os alertas de comportamentos suspeitos. Nos últimos 4 meses, cerca de 100 funcionários foram assinalados.

“Mas é necessário agir com habilidade e método para evitar processos por estigmatização”, pontua Le Figaro. Diante do imobilismo do Executivo, que segundo o jornal fala mais do que age, a direita francesa propõe que a adesão aos valores republicanos passe a ser obrigatória no país. A proposta dos parlamentares do partido Os Republicanos obrigaria os funcionários públicos a prestar juramento à Constituição francesa e a seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, aos quais seria somado o respeito a laicidade.

“Qualquer violação levaria a demissão. Essa reforma não acabaria com a ameaça islâmica”, afirma Le Figaro, mas sua adoção seria uma “prova de bom senso”, conclui o jornal.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.