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França/greve

Greve na França: dá para fazer turismo em Paris?

No quinto dia da greve contra a reforma das aposentadorias, a situação se complica no transporte público, com metrôs e trens bloqueados e centenas de quilômetros de engarrafamentos nas ruas da capital. A situação é caótica para os franceses, mas também para os turistas.

Estação de metrô fechada em Paris no primeiro dia da greve, na quinta-feira (5).
Estação de metrô fechada em Paris no primeiro dia da greve, na quinta-feira (5). CHRISTOPHE ARCHAMBAULT / AFP
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Apesar do que muitos imaginam, dezembro não é um dos meses mais recomendáveis para fazer turismo em Paris. Se as luzes natalinas atraem os visitantes, o inverno é imprevisível, pode chover muito e os dias são curtos. Agora imagine Paris sem metrô, ônibus, trens, e com pessoas (ainda mais) irritadas nas ruas, que levam horas para ir e voltar do trabalho. É mais ou menos como se todos os dias, em qualquer hora, você tivesse que encarar o metrô da praça da Sé, em São Paulo, às 18h na véspera de um feriado.

Para os parisienses, esse périplo diário, suportável no primeiro dia, acaba virando um calvário: um trajeto que normalmente levaria 45 minutos se transforma em duas horas ou mais em dia de greve. Duas horas espremido dentro de um vagão de metrô, sem saber se será possível chegar ao seu destino (muitas vezes o tráfego é interrompido sem maiores explicações).

Nesta segunda-feira (9), nove das 14 linhas de metrô da capital francesa estavam fechadas e apenas duas, 100% automatizadas, que não precisam de condutores, funcionavam normalmente. Um contexto difícil para os moradores, mas também para os turistas desavisados, que tentam entrar com malas, máquinas fotográficas, ou em grupos nos meios de transporte público. Pegar um táxi seria a solução? Não. Em dias de greve em Paris, as marginais e as ruas ficam paralisadas. Muitos franceses foram obrigados a utilizar os próprios veículos, o que gerou mais de 600 km de engarrafamentos na região da capital às 8h, três vezes acima do normal.

Para os turistas que se aventuram a pé, apesar do frio e da chuva, não é certo também que poderão visitar os pontos turísticos mais conhecidos da capital. O selfie na frente da basílica da Sacre Coeur, por exemplo, é para quem merece: com o metrô e a funicular parados, a única maneira de chegar ao local e subir a ladeira, íngreme, é a pé.  O "bondinho" conecta a parte baixa de Montmartre, no 18°distrito, à sua parte alta, e permite evitar os 197 degraus que levam ao topo.

Museus também podem ser obrigados a rever os horários de abertura, pela simples razão que os funcionários estão tendo dificuldades para chegar ao trabalho. Foi o caso do Louvre, que nesta segunda-feira (9) fechou algumas salas. Visitar o palácio de Versalhes também é uma aventura desaconselhável. A linha RER C, que leva até o monumento, está fechada. A empresa estatal de ferrovias SNCF cancelou pelo menos 80% das viagens dos trens de alta velocidade e recomendou aos passageiros que evitassem as estações. Quem vai não consegue voltar e vice-versa.

Prorrogação preocupa empresários

A situação deve continuar complicada nesta terça-feira (10). Os sindicatos convocaram uma nova jornada de greve e manifestações, depois do sucesso da paralisação da última quinta-feira, que levou 800.000 pessoas às ruas. A prorrogação da greve também preocupa os empresários, que agora temem um agravamento com bloqueios e escassez de combustíveis no período de festas de dezembro.

A mobilização é um protesto contra um "sistema universal" de aposentadorias, que deverá substituir os atuais 42 regimes de especiais existentes. O governo francês promete um dispositivo "mais justo", mas os sindicatos e a oposição de esquerda alegam que a medida precariza a situação dos aposentados que não puderam contribuir tempo suficiente.

O projeto de reforma da Previdência ainda não foi revelado na íntegra. O primeiro-ministro, Edouard Philipe, deve dar maiores detalhes nesta quarta-feira (11). Sua fala será decisiva para a continuidade ou não do movimento social. Nesta segunda-feira, o presidente Emmanuel Macron receberá os principais ministros de seu gabinete para concluir os detalhes do projeto, que, segundo os sindicatos do país, obrigará os franceses a trabalhar por mais tempo para receber uma pensão menor.

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