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País mais católico da UE, Polônia aprova acesso gratuito à 'pílula do dia seguinte'

A Polônia costumava ser o país mais restritivo da União Europeia em termos de acesso ao aborto, mas isso pode mudar. Na quarta-feira (24), o país adotou um projeto de emenda para permitir o acesso à pílula abortiva a partir dos 15 anos de idade sem receita médica. Até agora, era sistematicamente necessário ir a um médico para obter uma receita. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, já demonstrou sua disposição de ir além, prometendo legalizar o aborto.

Donald Tusk, o então recém-nomeado primeiro-ministro polonês, apresenta o programa de seu governo e pede um voto de confiança no Parlamento em Varsóvia, Polônia, em 12 de dezembro de 2023.
Donald Tusk, o então recém-nomeado primeiro-ministro polonês, apresenta o programa de seu governo e pede um voto de confiança no Parlamento em Varsóvia, Polônia, em 12 de dezembro de 2023. © Aleksandra Szmigiel / Reuters
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Adrien Sarlat, correspondente da RFI em Varsóvia

Apesar da chuva, os estudantes poloneses estavam todos sorridentes do lado de fora da Universidade de Varsóvia. Todos concordam que o projeto de lei para liberar o acesso à pílula abortiva a partir dos 15 anos é um "alívio".

Para Julia, de 20 anos, é uma questão natural. "Meus amigos e eu assistimos às notícias com frequência, especialmente desde a chegada do novo governo [que venceu a oposição ultraconservadora polonesa em dezembro de 2023], e estamos aliviados com a rapidez com que esse projeto de lei foi apresentado. Porque na maioria dos países democráticos, essa pílula está disponível sem receita médica, e não entendo por que isso não aconteceria na Polônia", argumenta a estudante à RFI.

Efeitos colaterais

Mas nem todo mundo está convencido. Atrás do balcão de sua farmácia, Beata se mostra preocupada com a liberalização da pílula do dia seguinte.

"Temos dois pacotes de pílulas abortivas de reserva, mas durante todo o tempo em que trabalho aqui nunca precisei distribuí-las. Acho que é muito perigoso, porque é um medicamento que tem muitos efeitos colaterais. E acho que cabe ao médico decidir se deve prescrevê-la e informar as pacientes sobre os efeitos colaterais, que podem ser muito graves", contextualiza.

Polonesas condenadas 

Nos últimos anos, várias mulheres polonesas foram condenadas por ajudar outras a obter essa pílula sem a orientação de um médico.

O primeiro-ministro polonês, no entanto, insistiu que esse era apenas o primeiro passo e anunciou que estava pronto para legalizar o aborto até a 12ª semana de gravidez.

O projeto de lei deverá ser apresentado ao Parlamento em breve na Polônia, considerado o mais católico da União Europeia.

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