Acessar o conteúdo principal

Disputa por esculturas do Partenon cancela encontro entre premiês grego e britânico em Londres

Downing Street explicou a anulação do encontro entre os primeiros-ministros da Grécia e do Reino Unido, na terça-feira (28), porque Rishi Sunak se recusa a conversar sobre a repatriação das obras do Partenon que fazem hoje parte da coleção permanente do British Museum, em Londres. O assunto não estava na agenda oficial do encontro, mas o premiê grego, Kyriakos Mitsotakis, disse que poderia mencioná-lo.

Mulher fotograva as esculturas do Partenon grego em exposição no British Museum, em Londres, em 9 de janeiro de 2023.
Mulher fotograva as esculturas do Partenon grego em exposição no British Museum, em Londres, em 9 de janeiro de 2023. AFP - DANIEL LEAL
Publicidade

Yula Rocha, correspondente da RFI em Londres

A antiga disputa pelas famosas esculturas em mármore gregas, levadas do Partenon em Atenas, para o Reino Unido há quase duzentos anos, foi o gatilho para o cancelamento da reunião dos chefes de governo da Grécia e do Reino Unido nesta terça-feira. O primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, em visita a Londres, foi informado de última hora que não seria mais recebido por Rishi Sunak na residência oficial do governo britânico, o número 10 de Downing Street.

Em troca, foi oferecido a Mitsotakis um encontro com o vice-premiê britânico Oliver Dowden. A oferta foi formalmente declinada e a situação azedou a relação entre os dois países aliados e membros da OTAN.

Rishi Sunak defende a permanência das peças em Londres e, através de seu porta-voz, disse que decidiu cancelar o encontro com o líder do governo grego por achar que a conversa não seria produtiva.

Na agenda, estavam previstas discussões sobre imigração, as guerras em Gaza e na Ucrânia, mas a disputa sobre as esculturas jamais saiu da pauta na Grécia, publicamente e em reuniões bilaterais.

Ao se recusar a falar sobre o assunto, o governo britânico gerou não só um mal-estar com os gregos, mas também uma grande repercussão em torno do tema.

Desrespeito à Grécia

O porta-voz do governo grego em Atenas disse que a atitude dos britânicos foi de desrespeito a Mitsotakis e à Grécia. O governo de Rishi alega que teria recebido a garantia do governo grego de que o assunto das esculturas não seria tratado publicamente. Mas no domingo (26), o primeiro-ministro grego, em entrevista à imprensa, voltou a dizer que as obras, “essencialmente roubadas” de Atenas, deveriam ser retornadas à Grécia e entregues ao Museu de Acrópoles.

Mitsotakis disse ainda que ter alguns dos tesouros na Grécia e outros em Londres era como “cortar a Mona Lisa em duas”, em referência à famosa obra de Leonardo da Vinci exposta no Museu do Louvre, em Paris.

As esculturas do século V, parte do tesouro do antigo Império Otomano, foram levadas de Atenas pelo diplomata Lorde Elgin e em 1832 passaram a fazer parte da coleção permanente do British Museum. Desde 1983 o governo grego tenta, oficialmente e sem sucesso, repatriar as obras.

De acordo com diversas pesquisas de opinião feitas no Reino Unido, Mitsotakis conta com o apoio da maioria dos britânicos.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.