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Desequilíbrio causado pela oferta de cereais ucranianos gera tensões com agricultores europeus

Ao contrário do que estava previsto nos textos adotados após a eclosão da guerra na Ucrânia, parte dos produtos agrícolas ucranianos não transitam para os portos europeus, mas permanecem nos mercados locais dos países vizinhos e chegam por terra a outros países. Esta situação cria tensões. Mais baratos que o trigo ou o milho produzidos na Polônia, Bulgária ou Romênia, os produtos ucranianos os substituem parcialmente.

Um campo de trigo perto de Melitopol, em Zaporíjia, na Ucrânia, em 14 de julho de 2022.
Um campo de trigo perto de Melitopol, em Zaporíjia, na Ucrânia, em 14 de julho de 2022. © ANDREY BORODULIN/AFP
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Jean-Jacques Héry, correspondente da RFI em Bruxelas

O excedente de cereais ucranianos em países vizinhos gera uma explosão da oferta num mercado limitado. Em decorrência disso, os preços caem. Seria necessário armazenar as colheitas em silos por mais tempo. “Todo o nosso sistema agrícola está sob pressão e os nossos rendimentos estão diminuindo”, queixam-se os agricultores europeus.

A Comissão Europeia está ciente do problema. De acordo com um porta-voz do bloco, a situação está levando a "excesso de oferta, redução na demanda, aumento dos custos de armazenamento e queda dos preços locais".

Bruxelas propôs um pacote de ajuda de 56 milhões para aliviar as tensões. A proposta acaba de ser aprovada pelos estados-membros do bloco. O plano, financiado pelo fundo de reservas da Política Agrícola Comum (PAC), é destinado à Polônia, Romênia e Bulgária. Mas para os países confrontados à queda de preços, a quantia não foi considerada suficiente.

Um segundo plano complementar está em fase de elaboração e o seu valor deverá ser ligeiramente superior. A expectativa é maior para Romênia e Bulgária, uma vez que Varsóvia acaba de assinar um acordo bilateral com a Ucrânia que suspende as exportações de certos cereais ucranianos para a Polônia.

Na sexta-feira passada (7), agricultores romenos e búlgaros também se manifestaram para reclamar da concorrência que consideram desleal.

Agricultores romenos seguram faixas com os dizeres 'Agora ou nunca' durante um protesto do lado de fora do escritório de representação da Comissão Europeia em Bucareste, sexta-feira, 7 de abril de 2023. Agricultores romenos acusam grãos ucranianos de dumping e acreditam que agora estão trabalhando com prejuízo.
Agricultores romenos seguram faixas com os dizeres 'Agora ou nunca' durante um protesto do lado de fora do escritório de representação da Comissão Europeia em Bucareste, sexta-feira, 7 de abril de 2023. Agricultores romenos acusam grãos ucranianos de dumping e acreditam que agora estão trabalhando com prejuízo. © AP - Andreea Alexandru

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